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Um desfile de novidades

Reforma no Sambódromo e mudanças no regulamento da competição já agitam as escolas do Grupo Especial

Por Bruno Chateaubriand
Atualizado em 5 dez 2016, 15h52 - Publicado em 9 dez 2011, 19h47
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  • O CD dos sambas-enredo está nas lojas, as quadras fervilham de gente e, a pouco mais de dois meses da festa, os cariocas já respiram os ares carnavalescos. Enquanto as escolas concentram seus esforços na confecção de alegorias e fantasias para evitar o típico atropelo na reta final, mais de 500 trabalhadores pegam pesado no Sambódromo a fim de aprontar a tempo o palco do espetáculo. Desta vez, as novidades mais aguardadas não vão estar somente na pista branca da Marquês de Sapucaí. Depois de 27 anos de existência, a passarela projetada por Oscar Niemeyer tornou-se alvo de uma ampla reforma que, além de alterar radicalmente sua estrutura, vai resvalar na própria concepção artística dos desfiles. O bota-abaixo do caixotão de concreto que ocupava uma lateral do complexo possibilitou a construção de quatro lances de arquibancada. Com o fim desse paredão, o Sambódromo vai ficar simétrico, mais arejado e com melhor iluminação. Agora, os refletores terão o mesmo posicionamento nos dois lados da pista, acabando com a luz ?chapada? que era uma das principais queixas dos carnavalescos. Com isso, os detalhes tendem a ganhar realce. ?Por causa da reforma, tive de modificar a estética dos meus carros alegóricos?, revela Cahê Rodrigues, responsável pelo desfile da Grande Rio no próximo ano. Para facilitar seu trabalho, ele simulou em computador um passeio em 3D pela nova Sapucaí, com arquibancadas ao longo de toda a pista. ?Temos agora a preocupação de que nossas alegorias interajam com o público de ambos os lados de maneira igual?, completa.

    Iniciada em abril e com previsão de estar concluída em meados deste mês, a reforma sofreu um atraso e só deve acabar em janeiro. Sua parte mais visível são de fato as quatro novas arquibancadas no setor par, à direita de quem desfila (veja a imagem ao lado). Cada uma delas terá três bocas de acesso, uma a mais que os blocos antigos, 48 camarotes e instalações adaptadas para deficientes físicos. Nas divisas desses módulos maiores estão sendo erguidos outros menores, onde ficarão os supercamarotes, que podem acolher até trinta convidados. Nesse mesmo lado está outra novidade proporcionada pela restauração: um longo corredor de frisas, com o total de 800 cubículos. Todas essas modificações levaram a Passarela do Samba a ampliar sua capacidade de 60?000 para 72?500 espectadores. Não é só. O complexo vai ganhar também em conforto. O antigo setor 4, que tinha a visão da pista extremamente prejudicada por ficar bem ao lado do paredão, sofreu uma metamorfose radical. Agora alinhado aos demais lances de concreto, tornou-se uma espécie de Avenida Delfim Moreira do complexo, devido a sua localização. Tanto é que foi o único setor de arquibancada que teve o ingresso majorado em relação ao último Carnaval, passando de 120 para 160 reais. ?Esse ponto passou a atrair os apaixonados pelo Carnaval, porque além de proporcionar uma visão privilegiada ele fica em frente ao recuo da bateria?, relata Jorge Castanheira, presidente da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa), referindo-se ao quadrilátero onde os ritmistas se exibem durante a maior parte da apresentação.

    As mudanças para o próximo desfile, marcado para os dias 19 e 20 de fevereiro, não se limitam ao aspecto físico do cenário da festa. Elas atingem também o regulamento da competição. O plenário da Liesa, que reúne os presidentes das treze agremiações do Grupo Especial, aprovou algumas modificações nas regras. A principal delas é a diminuição do número de jurados de cinquenta para quarenta. Assim, apenas a menor nota passará a ser descartada na soma final. Para evitar maiores discrepâncias ? e reclamações ?, a nota mínima passou de 8 para 9, com avaliações decimais até 10. Outra mudança, introduzida apenas para efeito de estudo, e não da contagem total, é a prerrogativa de o jurado atribuir a apenas uma escola a nota 10,1 (isso mesmo). Seria, na visão dos que comandam a festa, uma forma de destacar a melhor agremiação em determinado quesito. Se a experiência for aprovada, ela poderá figurar para valer no regulamento em 2013. Apesar do seu alto índice de exposição e do paparico cada vez maior por parte das escolas, ainda não será desta vez que as rainhas de bateria vão virar um item em julgamento ? a não ser pelo crivo meramente estético. A sugestão levantada por Thatiana Pagung, que durante quatro anos reinou à frente dos ritmistas da Mocidade Independente, não chegou a entrar em discussão no plenário da Liesa. Até faz sentido. Afinal, seria uma tremenda saia justa para os jurados atribuir a nota máxima de 10,1 para apenas uma delas.

    confira a melhoria do Sambódromo clicando na imagem abaixo

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