Concebida inicialmente para ocupar o Museu da Imagem e do Som de São Paulo por três meses, a exposição superou todas as expectativas. Entre julho e outubro de 2014, o público pagava 10 reais e aguardava até quatro horas na fila para conferir réplicas do reino da fantasia do Castelo Rá-Tim-Bum, programa de TV exibido na década de 90. Conclusão: a superlotação levou à decisão de prorrogar a temporada por duas vezes. Com isso, ao longo de seis meses em cartaz, a atração recebeu 410 000 pessoas, um recorde local. Aos que não puderam embarcar na ponte aérea para conferir o cenário interativo que reproduz, em detalhes, o castelo habitado por bruxos e seres fantásticos, a boa notícia é que a mostra mais vista da história do MIS ocupará o Centro Cultural Banco do Brasil a partir de segunda (12), e de graça. O fenômeno ocorrido na capital paulista tem tudo para se repetir por aqui. Em meados de setembro, quando Castelo Rá-Tim-Bum — A Exposição foi anunciada na página do CCBB no Facebook, a notícia alcançou mais de 1 milhão de pessoas no período de 36 horas, e 37 000 já confirmaram presença antes mesmo da abertura.
Enquanto a mostra exibida em São Paulo foi instalada em uma área de 600 metros quadrados, a montagem carioca será bem mais ampla, espalhando-se por 1 000 metros quadrados no 1º andar do edifício no Centro. Salvo pelas diferenças da disposição cênica dos imóveis, o público terá a chance de ver os mesmos 21 setores expostos por lá, incluindo fotografias inéditas, figurinos, bonecos, croquis, maquete, depoimentos gravados com os profissionais envolvidos na produção, como o cantor Arnaldo Antunes, além de doze ambientes recriados de forma fiel ao da televisão. “Restauramos muitos objetos originais e refizemos outros tantos para a exposição”, conta André Sturm, diretor executivo do MIS paulistano e curador da mostra. Logo na entrada, por exemplo, o colorido boneco Porteiro receberá o público com seu clássico bordão “Klift Kloft Still, a porta se abriu”. Já a rotunda do CCBB abrigará a árvore centenária onde vive a geniosa cobra Celeste. Outras atrações que prometem encantar os pequenos e até marmanjos na faixa de 20 a 30 anos, que assistiram ao seriado, são os quartos do protagonista Nino e da feiticeira Morgana. “A exposição é muito lúdica e totalmente imersiva. É como se o visitante entrasse, de fato, no castelo”, antecipa Marcelo Mendonça, gerente-geral do CCBB Rio.
A mostra é uma homenagem aos vinte anos de estreia da bem-sucedida série infantojuvenil produzida e transmitida, em noventa episódios e um especial, pela TV Cultura entre maio de 1994 e dezembro de 1997. Criação do dramaturgo Flavio de Souza e do diretor Cao Hamburguer, o seriado foi um marco na história da produção audiovisual brasileira ao combinar conteúdo pedagógico e entretenimento. Além de encantar a criançada e garantir bons índices de audiência para a emissora, a qualidade do produto fez com que a atração arrebanhasse prêmios importantes no cenário nacional e internacional. No ano de sua estreia, o Castelo Rá-Tim-Bum foi eleito o melhor programa infantil pela Associação Paulista de Críticos de Arte, entre tantos outros. As aventuras de Nino e sua turma ainda foram exibidas em países como Cuba, Venezuela, Uruguai e República Dominicana e ganharam também versão cinematográfica, que foi sucesso de bilheteria em 1999.
Apesar de estar nos planos da direção do CCBB, a exposição não tinha sido escalada para o calendário de 2015. A princípio, a mostra que entraria em cartaz agora seria sobre os 25 anos do estúdio de animação Pixar, que já passou por mais de vinte países. No entanto, diante do aumento do dólar, tornou-se inviável financeiramente montá-la por aqui. A solução foi recorrer a uma produção nacional que pudesse ser posta de pé num curto espaço de tempo. Com isso, o Castelo acabou se encaixando perfeitamente na proposta da instituição, lugar tradicionalmente conhecido por sediar blockbusters culturais, a exemplo das montagens dedicadas às produções da japonesa Yayoi Kusama (2013) e do artista gráfico holandês Escher (2011). “Esse tipo de exposição atrai um público novo, que não costuma ir a museus para ver mostras de arte, mas que vem atraído pelo conteúdo lúdico e interativo. É exatamente o que queremos”, destaca Mendonça. A tomar como padrão os fenômenos anteriores, tem tudo para dar certo.