A Cia. dos Atores, uma das mais tradicionais e premiadas do país, aproveitou a pandemia – e o compasso de espera – para disponibilizar peças no canal do YouTube do grupo.
A partir desta sexta (11), o público poderá conferir trabalhos que marcaram época, como Melodrama, que estreou no CCBB há 25 anos, O Rei da Vela, de 2000, Ensaio. Hamlet, lançado em 2004 e Devassa, de 2010.
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Além disso, há um projeto inédito em curso, Kabaré Online, dirigido por Cesar Augusto e Marcelo Olinto, fruto de uma residência artística da Sede da Cias., coordenada pelos dois e também por Marcelo Valle. Todo o conteúdo será disponibilizado com acesso livre e gratuito.
Inspirado na obra do comediante alemão Karl Valentin (1882 – 1948), Kabaré Online é uma criação coletiva dos artistas residentes da Sede da Cias. O grupo, formado por 25 jovens artistas do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás e Pará, teve apenas um encontro presencial no início de março. Na pandemia, todos os encontros foram online.
O resultado da residência será lançado no canal da companhia em quatro episódios, sempre às segundas-feiras, a partir de 14 de setembro.
“A ideia original era apresentar os trabalhos em dezembro, na Sede, mas a quarentena mudou os nossos planos. Cada ator filmou suas cenas na própria casa. O Kabaré é fruto dessa nova realidade imposta”, conta Marcelo Olinto.
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Híbrido de linguagens, o novo trabalho reúne fotografias, vídeos, manipulação de imagens, cenas literais e adaptadas da obra de Karl Valentin, compondo uma dramaturgia criada pelos próprios residentes.
Cada episódio traz uma investigação documental, uma trama de palavras e imagens, sem perder o aspecto explosivo próprio de um cabaré. “É um caleidoscópio de cenas. Nós investigamos e nos apropriamos da obra de Karl Valentin. Eu e Olinto atuamos como provocadores, damos o material teórico e incitamos a prática para descobrirmos os interesses e peculiaridades de cada residente, o que deu origem a uma enorme diversidade de materiais”, explica Cesar Augusto.
“A ideia é entreter sem deixar de colocar o dedo na ferida. Estamos, por exemplo, fazendo comparações entre a Alemanha de 1930 e o Brasil da atualidade. Há uma similaridade assustadora entre a época da ascensão do nacional-socialismo alemão e os dias de hoje, com o crescimento da extrema direita no país e no mundo”, ressalta Olinto.
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No dia do lançamento de cada espetáculo, será disponibilizado no canal o bate-papo Conversa com a Cia. com os integrantes da companhia e artistas que participaram da criação das obras.
As peças
Melodrama (1995)
O espetáculo é composto por três tramas que se completam e se fundem num surpreendente final. A passionalidade latina unida a uma visão contemporânea do estilo melodramático, com ênfase nos exageros típicos do gênero. Sempre com muito humor e números musicais. Assassinatos, incestos, dupla personalidade, perdas de memória e mocinhas abnegadas são embalados por tangos e boleros. Texto: Filipe Miguez. Direção Geral: Enrique Diaz. Elenco: Bel Garcia, Cesar Augusto, Drica Moraes, Gustavo Gasparani, Marcelo Olinto, Marcelo Valle e Susana Ribeiro. Cenografia: Fernando Mello da Costa. Figurino: Marcelo Olinto. Iluminação: Maneco Quinderé. Direção Musical e Música Original: Carlos Cardoso. Preparação Corporal: Lucia Aratanha. Coreografias: Jayme Arôxa. Caracterização: Renato Castelo. Adereços: Othon Spenner. Direção de Cena: Márcia Machado. Direção de Produção: Cláudia Marques. Realização: Cia. dos Atores.
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O Rei da Vela (2000)
A história escrita por Oswald de Andrade na década de 1930 gira em torno de Abelardo I, um agiota muito bem-sucedido e também oportuno fabricante de velas em um país à beira da falência. Em torno dele, gravitam vários personagens bem pitorescos, como Abelardo II, seu natural sucessor, e Heloísa de Lesbos, sua noiva, a jovem de uma família arruinada pela crise do café. O casamento dos dois simboliza a união de duas classes sociais: a burguesia em ascensão e a aristocracia rural falida. Texto: Oswald de Andrade. Adaptação: Cia. dos Atores. Direção: Enrique Diaz. Codireção: Emílio de Mello. Elenco: Cesar Augusto, Drica Moraes, Gustavo Gasparani, Malu Galli, Marcelo Olinto e Marcelo Valle. Elenco de Apoio: André Schmidt, Guilherme Miranda e Leonardo Miranda. Adaptação e Apoio Teórico: Elena Suarez. Cenografia: Gabriel Vilella. Figurino: Marcelo Olinto. Iluminação: Maneco Quinderé. Direção Musical: Marcelo Neves. Pesquisa Musical: Claudio Olivotto. Preparação Corporal: Joyce Niskier. Coreografia: Gustavo Gasparani e Joyce Niskier. Visagismo: Rose Verçosa. Direção de Cena: Márcia Machado. Produção Executiva: Leticia Jacques. Direção de Produção: Marcelo Valle. Realização: Cia. dos Atores.
Ensaio.Hamlet (2004)
O grupo se debruçou sobre as questões de Shakespeare em Hamlet para criar uma série de perguntas e experiências que são propostas e vividas pelos intérpretes. Neste ensaio sobre o clássico, a Cia. convida o espectador a participar desta “autópsia” – tanto dos personagens como dos próprios atores em cena. As palavras de Hamlet servem para se falar sobre a constituição da identidade, a descoberta da aparência e do papel da arte de colocar o indivíduo frente a frente com suas questões existenciais. O resultado é um jogo que se apresenta sempre vivo, ágil e bem-humorado. Texto Original: William Shakespeare. Tradução: Millôr Fernandes. Direção: Enrique Diaz. Elenco: Bel Garcia, Cesar Augusto, Felipe Rocha, Fernando Eiras, Malu Galli e Marcelo Olinto. Diretora Assistente: Mariana Lima. Cenografia: Marcos Chave e Cesar Augusto. Figurinos: Marcelo Olinto. Iluminação: Maneco Quinderé. Trilha Sonora e Músicas Originais: Lucas Macier, Rodrigo Marçal e Felipe Rocha. Direção de Movimento: Andréa Jabor. Preparação Corporal: Cristina Moura. Direção de Cena: Márcia Machado. Coprodução: Ferme de Buisson. ScèneNationale de Marne-La-Vallé e La Filature, ScèneNationale, Mulhouse. Produção: A.R. Produções. Realização: Cia. dos Atores.
Devassa (2010)
A diretora alemã Nehle Franke foi convidada pelo grupo para dirigir a montagem. É uma abordagem corajosa e arrojada para a história de Lulu, onde a crueldade da fêmea encontra uma mais devastadora e letal a crueldade do macho, terminando morta por Jack, o Estripador. Texto: Frank Wedekind. Direção e Tradução: Nehle Franke. Elenco: Alexandre Akerman, Bel Garcia, Cesar Augusto, Marcelo Olinto, Marina Vianna e Pedro Brício. Cenografia: Aurora dos Campos. Figurino: Marcelo Olinto. Iluminação: Maneco Quinderé. Direção Musical: Rodrigo Marçal. Preparação Corporal: Dani Lima. Direção de Cena: Márcia Machado. Direção de Produção: Rossine de Freitas. Realização: Cia. dos Atores.