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Comédias garantem casa cheia nos teatros fora da Zona Sul

Longe da badalação, peças do gênero lotam os teatros Miguel Falabella e Bangu Shopping

Por Renata Magalhães
Atualizado em 19 ago 2017, 14h15 - Publicado em 19 ago 2017, 14h15
Theatro Bangu
“Desesperados”, com Pablo Sanábio, Pedroca Monteiro e Marcus Majella: sessões lotadas em Bangu (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

No fim de junho, o anúncio do encerramento das atividades do Teatro do Leblon deu o que falar. Segundo o proprietário do imóvel, Wilson Rodriguez, o palco com 23 anos de história, vítima da crise, só poderia ser reaberto para abrigar espetáculos de retorno comercial garantido. O barulho na imprensa e a grita da classe artística inspiraram um movimento disposto a evitar o pior. Solidários, os atores Marcos Caruso e Mateus Solano levaram para lá seus sucessos recentes para salvar a bilheteria. Caruso encenou o premiado monólogo O Escândalo Philippe Dus­saert e, nos dois últimos fins de semana de julho, Solano defendeu, ao lado de Miguel Thiré, Selfie. A comédia da dupla, que estreou em 2014, no Teatro Miguel Falabella (455 lugares), e atraiu ao NorteShopping mais de 7 000 espectadores em três meses de temporada, é parte de um fenômeno oposto ao verificado na combalida casa na Zona Sul — que, aliás, continua de portas fechadas. Trata-se da bem-vinda combinação de montagens de humor com plateia cheia que faz a alegria dos responsáveis por dois teatros bem distantes do Leblon: o próprio Miguel Falabella, no subúrbio do Cachambi, e o mais novo Theatro Bangu Shop­ping (574 lugares), na Zona Oeste.

“Foi um acerto estrear no Falabella. Nosso espetáculo cresceu apoiado por um público faminto de cultura e novidades”, conta Solano. Motivada por outras peças de humor, essa mesma “fome” levou 128 000 pessoas a sessões teatrais no NorteShopping em 2016. A curadoria do espaço está aos cuidados da Companhia Atores de Laura desde 2000. Com um repertório, digamos, mais cerebral, os integrantes do grupo perceberam que, para a boa administração dos negócios, rir era o melhor remédio. “Fomos entendendo o gosto do público. Humor popular sempre encheu as poltronas e, depois que começamos a investir nesse filão, outras produções passaram a nos procurar para fazer temporadas por aqui”, afirma Leandro Castilho, membro da Atores de Laura. Em cartaz desde o dia 3, Eduardo Sterblitch (intérprete do Fred Mercury Prateado, indefinível personagem do programa Pânico na TV) vem lotando a sala, à frente de Ster­blitch Não Tem um Talk-Show, com sessão extra aos sábados. Burburinho e filas costumam ter início duas horas antes da apresentação. “Cresci vendo peças do Miguel Falabella aqui. Sempre procuro comédias para ver com a família, porque a vida já é difícil demais”, diz, em tom de brincadeira, na saí­da da bilheteria, o gerente de projetos Marcos José da Silva, acompanhado pela mulher, Virginia, e pelo filho Lucas.

Teatro Miguel Falabella
Marcos José, o filho Lucas e a mulher, Virginia: frequentadores do Miguel Falabella (SELMY YASSUDA/Veja Rio)

O Theatro Bangu Shopping foi inaugurado, em dezembro de 2016, com um festival de humor estrelado por Sérgio Mallandro e Rodrigo Sant’Anna, entre outros profissionais da risada fácil. “A comédia é fundamental na formação de plateia”, opina Frederico Reder, comandante do Theatro NET Rio, em Copacabana, e, agora, do espaço na Zona Oeste. Na sua mais nova empreitada, Reder já enfileirou dezenove montagens do gênero, incluindo exclusivas sessões de pré-estreia de Uma Shirley Qualquer. “Não resisti ao convite de estar perto do meu público e das pessoas que gostam de mim. A acolhida foi surpreendente, e será um prazer voltar para cá”, diz Susana Vieira, estrela do espetáculo. Atração mais recente, Desesperados, comédia (é claro) de João Fonseca, com Marcus Majella no elenco, arrebanhou 2 838 fãs em seis sessões. A próxima aposta da casa é Lifting — Uma Comédia Cirúrgica, com Drica Moraes, que escolheu fazer ali na Zona Oeste a estreia nacional da peça em 2 de setembro. Nestes tempos bicudos, o pão anda a perigo, mas o circo é garantia de sucesso e gargalhadas em palcos bem distantes da badalação da Zona Sul.

QUADRO
(Veja Rio/Veja Rio)
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