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Febre suína

Das lojas de brinquedos às casas de festas, a porca cor-de-rosa Peppa Pig é cultuada entre os carioquinhas

Por Lais Botelho
Atualizado em 2 jun 2017, 13h04 - Publicado em 2 jul 2014, 18h56
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    Música baixa, cenário simples e uma plateia lotada de crianças fantasiadas com roupas e acessórios da estrela do espetáculo: a porquinha Peppa Pig. Com sessões extras e ingressos esgotados em duas semanas, o espetáculo baseado no desenho britânico atraiu durante o mês de junho mais de 10?000 crianças e adultos ao Teatro Bradesco, na Barra. O texto na boca dos personagens era antecipado pelos pequenos fãs, que gritavam a cada interação da protagonista. Esse é apenas um pequeno recorte do frisson que a família Pig vem causando nos carioquinhas. Lançada em 2004, a animação começou a ser exibida por aqui no ano passado, pelo canal de TV por assinatura Discovery Kids. Desde então, já se tornou o segundo desenho mais visto da programação. “Virou minha arma secreta para fazer a Sofie parar de chorar. É só começar a abertura que ela já sossega”, diz Simone Sampaio, mãe de uma menina de 1 ano e 2 meses.

    Com uma estética despretensiosa, que passa bem longe do padrão das princesas da Disney, à primeira vista a porquinha Peppa não tem nada de especial. Mas a fórmula do sucesso passa justamente por aí: os episódios abordam histórias corriqueiras como uma visita à casa dos avós, o conflito entre os irmãos, a dificuldade na hora de comer. “A identificação é grande, pois a Peppa também acerta e erra, tem momentos em que é egoísta com o irmão e ainda é teimosa”, diz a psicóloga Robertha Haddad Blatt. Voltada para crianças na fase pré-esco­lar, entre 1 e 6 anos, a série, que levou duas vezes o British Academy Film Awards (em 2005 e 2012) como melhor animação, carrega elementos que conversam exatamente com o momento de desenvolvimento dos pequenos a que se destina. “Nessa fase, eles não precisam de muita aventura. Estão justamente tentando compreender o mundo e não dão conta de muita agitação”, analisa Zena Eisenberg, professora do departamento de educação da PUC-Rio.

    Tomás Rangel
    Tomás Rangel ()
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    De olho na popularidade crescente dos animaizinhos, a indústria não pensou duas vezes em levar a animação para os seus produtos ? a começar pelo mercado editorial. Lançada pela editora Salamandra em fevereiro, a coleção Peppa já atingiu a marca de 200?000 exemplares vendidos. O número expressivo também se estende para os brinquedos: além dos bonecos (esgotados há meses nas grandes lojas do gênero na cidade), é possível encontrar kit de instrumentos musicais, barraca, triciclo, prancha, cortinas, xampus e tudo o mais que vier à cabeça. “Nos últimos dois meses, fechamos mais de trinta contratos”, comemora Celso Rafael, da Exim Licensing Brazil, responsável pelo licenciamento da marca, que está em negociação para realizar um grande show oficial, com previsão de estreia no segundo semestre por aqui.

    Clique para ver os desenhos que fizeram sucesso com as crianças nos últimos anos

    Mesmo tendo uma porquinha cor-de-ro­sa como protagonista, o desenho virou mania até entre os meninos. Estatística, Michelle Cerutti perde as contas quando se fala da quantidade de figurinhas e produtos comprados para os filhos Vinicius, de 6 anos, e Rafael, de 4. “A diversão deles é imitar os sons dos personagens e já ganhei até um novo apelido: mamãe Pig”, comenta. A popularidade da personagem vem se refletindo também nas casas de festas. Na rede Quintal, com dois endereços em Botafogo que cobram cerca de 10?000 reais para 100 pessoas, Peppa virou a campeã de pedidos. “Tem dias que chegamos a fazer duas comemorações seguidas”, diz a sócia Marcella Bellei. Com focinho e corpo rechonchudo, Peppa e sua família são cultuados pelos pequenos como verdadeiros super-heróis, provando que a simplicidade também pode ser a alma do negócio.

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