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Crítica: musical Lazarus, de Bowie, tem simbolismos e estranhamento

Na encenação dirigida por Felipe Hirsch, Jesuíta Barbosa encarna o ET de passos trôpegos, por causa da birita e do cenário móvel: ponto alto da montagem

Por Pedro Tinoco Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 mar 2020, 10h44 - Publicado em 6 mar 2020, 12h00
Lazarus: ambiente onírico e cenário instável causam estranhamento e cativam plateia fã de Bowie (Flávia Canavarro/Divulgação)
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Crítica: musical Lazarus, de Bowie, tem simbolismos e estranhamentoCrítica: musical Lazarus, de Bowie, tem simbolismos e estranhamentoCrítica: musical Lazarus, de Bowie, tem simbolismos e estranhamento Lazarus. David Bowie (1947-2016) foi uma das mais desconcertantes estrelas pop do nosso tempo. Pela capacidade de driblar rótulos, ganhou o apelido de “Camaleão do Rock”. Nos últimos dias de vida, em 2016, surpreendeu o público mais uma vez ao lançar o disco Blackstar e levar ao palco o musical Lazarus, assinado com o irlandês Enda Walsh. A estreia, em Nova York, ocorreu em 7 de dezembro de 2015, praticamente um mês antes de sua morte. É natural imaginar que a peça carregue simbolismos ligados ao momento delicado do astro. O desafio é identificá-los em cena — o universo de estranhamento, em que nada é entregue de mão beijada à plateia, talvez seja a grande marca de David Bowie.

A peça é inspirada no livro O Homem que Caiu na Terra, de Walter Travis — que virou filme em 1976, com Bowie no papel principal. Na trama, Thomas Newton, alienígena atormentado por sua rotina de terráqueo, afoga as mágoas no gim enquanto sonha com a nave que virá resgatá-lo. Na encenação dirigida por Felipe Hirsch, em curta temporada no Teatro Multiplan, Jesuíta Barbosa encarna o ET de passos trôpegos, por causa da birita e do cenário móvel: em ponto alto da montagem, a plataforma sob os atores se inclina, desequilibrando-os, e é refletida em um espelho enorme, sobre o qual também incidem projeções que parecem atirar os personagens no espaço.

Nesse ambiente onírico criado pelos diretores de arte Daniela Thomas e Felipe Tassara, Thomas Newton conversa com uma amiga imaginária (ou não, papel de Bruna Guerin), e um casal (Vitor Vieira e Carla Salle) discute a relação. Dezoito canções de Bowie, interpretadas ao vivo, com pegada rock, costuram essas e outras cenas. No desfile de pérolas como Changes, Absolute Beginners, Life on Mars?, Valentine’s Day e Lazarus, as atrizes vão mais longe com a voz, mas, no geral, o efeito sobre a plateia é certeiro. Lazarus, o musical, é Bowie na veia: você pode até não entender a coisa toda, mas, se tiver alguma afinidade com o Camaleão do Rock, vai curtir um bocado.

Teatro Multiplan. VillageMall, ☎ 3030-9970. Qui. a sáb, 21h; dom., 19h30. R$ 100,00 a R$ 400,00. Até 15 de março. Pedro Tinoco

 

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