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Crítica: peça A Lista mostra que há delicadeza em tempos amargos

Espetáculo on-line estrelado por Lilia Cabral e a filha faz homenagem a quem outrora lotava plateias pelo Rio

Por Marcela Capobianco
8 set 2020, 21h54
A Lista: Lilia Cabral atua pela primeira vez ao lado da filha, Giulia Bertolli (Cristina Granato/Divulgação)
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Se você frequenta(va) teatros no Rio de Janeiro sabe que boa parte do público é composto por senhoras aposentadas, que costuma(va)m integrar excursões para as mais variadas peças em cartaz.

São elas as grandes homenageadas do espetáculo A Lista, encenado no palco do Teatro PetraGold pela atriz Lilia Cabral e a filha, Giulia Bertolli, e transmitido pela internet.

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Lilia interpreta Laurita, uma viúva solitária, moradora de Copacabana, professora orgulhosa da rede estadual por 35 anos, que sofre com o isolamento durante a pandemia do novo coronavírus.

A Lista
Sintonia: Lilia e a filha ensaiaram em casa, com sessões de videoconferẽncia com o autor, Gustavo Pinheiro, e o diretor, Guilherme Piva (Cristina Granato/Divulgação)
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Diante da idade avançada (grupo de risco), ela aceita a ajuda de Amanda, uma jovem cantora de ópera que enfrenta problemas familiares,  passa a fazer as compras de mercado da vizinha mais velha.

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Com a proximidade forçada, fica clara a lacuna geracional entre as duas: as confusões começam por conta de um maço de chicória, tomam uma proporção gigantesca e acabam transformando ambas.

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O ponto alto do espetáculo on-line é quando Lilia, esbanjando carisma, faz Laurita relembrar os velhos tempos dançando Copacabana, de Barry Manilow: “Gostosinho, gostosinho”.

O texto do dramaturgo Gustavo Pinheiro, com referências atuais, ainda evoca a simpatia das telespectadoras que, durante a transmissão, ligam sem querer a própria câmera e acabam fazendo parte do espetáculo por alguns segundos. O ‘novo normal’ tem dessas coisas…

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Já a direção de Guilherme Piva é suave, sem invencionices, e aprimorada pela transmissão do projeto Teatro Já, que permite ao espectador navegar por três câmeras, ‘escolhendo’ o próprio olhar. Autonomia a quem faz do próprio sofá uma poltrona de auditório.

Em sintonia, as personagens de Lilia e Giulia emocionam e propõem uma reflexão: “Todo teatro é uma sala de aula. E vice-versa”. Em tempos virados ao avesso, no qual a própria casa vira plateia, tira-se uma lição: nunca é tarde para aprender.

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