A música clássica ecoava nos salões do restaurante da elegante pousada Locanda della Mimosa, em Petrópolis, no último dia 31 de agosto, um domingo. Cenário de inesquecíveis e suntuosos casamentos na Serra Fluminense, o local foi palco de mais uma união emblemática naquele dia. De um lado estava o premiado chef italiano Danio Braga. Do outro, o engenheiro civil petropolitano Luiz Fernando Gomes, que adquiriu do autor Aguinaldo Silva a propriedade de 8 000 metros quadrados em março deste ano. Ao final do encontro, saiu a assinatura do contrato que recolocou Braga no comando do estabelecimento fundado por ele. O pacto mereceu um brinde à altura. Enquanto faziam planos para o futuro do lugar, que já figurou na lista dos melhores restaurantes do planeta segundo o prestigiado guia francês Les Grandes Tables du Monde, a dupla desarrolhou uma garrafa de Château Cheval Blanc 1947, consenso entre nove em cada dez críticos como o melhor vinho da história. Trata-se de uma relíquia, cuja garrafa de 6 litros alcançou o valor de 530 000 reais, em um leilão na Suíça em 2010. Foi dada de presente à dupla por um grande amigo de ambos, que decidiu apadrinhar o promissor encontro — e que preza ciosamente o anonimato e a discrição. “Jamais pensei que fosse beber um vinho como esse na vida. De fato foi um começo auspicioso”, confessa Gomes.
A ocasião realmente merecia ser comemorada com um rótulo especial. Afinal, a propriedade, inaugurada em 1992, começou pela adega subterrânea, toda desenhada por Braga, que se desfez do negócio há quatro anos e retorna agora. “Este lugar é como um filho”, diz. “Parece que nunca saí de lá. Conheço todas as louças, todas as frigideiras, todos os fornos”, garante o fundador da Associação Brasileira de Sommeliers e novo diretor de operações da propriedade — a ideia é que ele retorne gradativamente à sociedade. Ao assumir o cargo, o cozinheiro italiano passou a dividir seu tempo entre a serra e Búzios, onde é dono do restaurante Sollar, na Orla Bardot, e investe em um condomínio de casas com lançamento previsto para 2015. Para se manter presente de um extremo ao outro do estado, ele contará, na cozinha da Locanda, com a ajuda de Paulo Duarte, seu braço-direito de longa data. Da parceria renovada, já começaram a sair do forno algumas novidades, que seguem a linha da culinária italiana tradicional (veja algumas receitas no quadro acima), com ênfase nas técnicas empregadas e na qualidade da matéria-prima utilizada.
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A alteração mais sensível neste primeiro momento, no entanto, é na pousada, que ganhou dois novos quartos. Com ambientes medindo entre 40 e 50 metros quadrados, têm lareira e hidromassagem, e ficaram prontos na semana passada. Outros quatro já estão em construção, e a previsão é que até o fim de outubro eles sejam inaugurados com tarifas de 1 320 reais para casal, incluindo meia-pensão. A partir desse mês, a hospedagem também passará a funcionar por toda a semana, e não mais só de quinta a domingo. Os planos do novo proprietário não param por aí. A estrutura atual ficará mais robusta com a construção de um spa, mais doze suítes de alto luxo e um salão para festas. Em uma parceria com o luxuoso Hotel Emiliano, de São Paulo, a ideia é realizar eventos em comum e incentivar o intercâmbio turístico entre eles. No pacote, cujo objetivo é recolocar a Locanda no topo da hotelaria e da gastronomia, como na primeira gestão do italiano, está ainda a criação de produtos personalizados, de comidinhas a cosméticos. E, por fim, a possibilidade de abrir uma filial do estabelecimento também não está descartada. Pelo contrário. “Se os melhores hotéis e restaurantes não estão restritos a um só lugar, por que a Locanda estaria?”, pergunta o empresário.