Depois de atrair 500 000 visitantes nas unidades de São Paulo e Brasília do Centro Cultural Banco do Brasil, a superaguardada exposição ComCiência chegou ao CCBB Rio no último dia 29, anunciada previamente por um balão gigante no Aterro do Flamengo. Em cartaz até 27 de junho, a temporada carioca da individual da australiana Patricia Piccinini apresenta novidades como Breathfruit, uma enorme escultura inflável, com quase 25 metros de altura e 9,5m de largura. Presa ao teto, a obra se projeta, suspensa, por todo o vão da rotunda e propõe uma forma ambígua, misto de vegetal e animal, que remete tanto à uma fruta tropical – como o caju, visto pela artista pela primeira vez na vida em São Paulo – quanto aos seres fantásticos que compõem sua obra. Em constante movimento, a escultura infla e esvazia em ciclos de 15 a 20 minutos. O que acontece é que, ao ser inflada, a obra revela uma menina indígena ajoelhada.
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Outra exclusividade da montagem local é a obra The Breathing Room. Trata-se de uma sala escura, que se propõe a ser uma experiência imersiva e multissensorial, na qual o visitante é levado a se sentir como se estivesse dentro de um corpo que passa por uma reação emocional. Para conseguir este efeito, a artista, nascida em Serra Leoa e naturalizada australiana, criou um ambiente integrado a partir de três diferentes estímulos: visual, pelas animações projetadas em três telões; auditiva, através do som correspondente a estas imagens, e tátil, derivada do movimento do piso, que se movimenta acompanhando em sincronia as imagens e os sons emitidos. Ora lenta, ora acelerada, a respiração poderá ser vista, ouvida e sentida, envolvendo o público.
Curiosa e interessada na engenharia genética, na biotecnologia e no modo como essas tecnologias influenciam a maneira de nos relacionamos com o mundo, Piccinini exibe na exposição obras compostas por criaturas bizarras e seres humanos, feitas de fibra de silicone e vidro, além de vídeos, esculturas, fotografias e telas da artista surrealista que trabalha com técnica hiper-realista.
Com a ajuda do curador da mostra, Marcello Dantas, VEJA RIO selecionou dez (bons) motivos para visitar a mostra, que ocupa, além da rotunda, dois andares do centro cultural.
1) Um audioguia, presente na mostra, possibilita visitantes ir além da percepção visual, ouvindo os sons, as respirações e até a linguagem daquelas criaturas. “A ideia é permitir que se tenha uma ideia da essência desses personagens”, explica Dantas, que concebeu o sistema com a colaboração estreita da artista.
2) Vivenciar a lenta respiracão de um “caju” gigantesco na rotunda, que revela uma menina indígena no meio. Breathfruit é a única escultura da artista com a cor da pele mais morena.
3) Explorar a relação entre as máquinas e o orgânico, como as motocicletas que parecem girinos.
4) Assistir ao vídeo que mostra o balão Skywhale voando sobre Rio, Brasília e São Paulo, cidades brasileiras que receberam a mostra.
5) Apreciar a escultura Indiviso (2004), que mostra um menino dormindo ao lado de um ser que poderia causar repulsa e representa o próprio filho da artista, assim como outra obra, O Visitante Bem-Vindo (2011), ali representada pela filha de Piccinini em visita ao quarto de outro ser.
6) Ver como órgaos sexuais podem se transformar em delicadas pinturas dotadas de pelos
7) Entrar na instalação The Breathing Room e se sentir no interior de um corpo.
8) Ver de perto trabalhados icônicos como The Long Awaited (2008) e Big Mother (2005), que mostra um animal gigante, como se fosse uma fêmea de macaco, alimentando um bebê.
9) Visitar o delicado jardim de úteros, que encerra a visitação da mostra.
10) Passar na seção do projeto educativo e refletir, dentro de um espaço que dialoga com a obra de Piccinini, sobre ComCiência.