Mais conhecido do público pelo dicionário que leva o seu nome, o filólogo, diplomata e professor Antonio Houaiss (1915-1999) foi um dos principais intelectuais brasileiros do século 20. Carioca, filho de imigrantes libaneses, toda a sua formação, da escola à universidade, foi no ensino público, e Houaiss se destacou em diversas áreas, chegando a exercer o cargo de ministro da Cultura, durante 11 meses, no governo Itamar Franco, em 1993.
Para homenagear o centenário do multifacetado intelectual, a Biblioteca Nacional apresenta em sua sede, no centro do Rio, a exposição Antonio Houaiss – Singular, Plural. A mostra reúne fotos, objetos pessoais e vasta documentação sobre o também membro, desde 1971, da Academia Brasileira de Letras (ABL), instituição que presidiu em 1996 e na qual se dedicou a uma de suas mais importantes contribuições ao país, a elaboração do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
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“A nossa grande preocupação foi justamente a de revelar as diversas facetas do Houaiss, um intelectual múltiplo, que atuou em muitas áreas de interesse”, explica Helena Severo, responsável pelo projeto curatorial da exposição, juntamente com Maria Eduarda Marques. A iconografia da mostra está apoiada em textos dos acadêmicos Eduardo Portella e Evanildo Bechara, do diplomata Marcos Azambuja, do professor Roberto Amaral e de Reinado Paes Barreto, que integrou com Houaiss a confraria Companheiros da Boa Mesa, pois a gastronomia era uma das facetas do filólogo.
“Destacamos também o militante político que Houaiss foi. Um dos fundadores do Partido Socialista Brasileiro (PSB), ele foi um dos primeiros cassados pelo regime militar”, conta ainda Helena Severo. A ditadura recém-instalada em 1964 aposentou o diplomata e suspendeu os seus direitos políticos por dez anos.
Afastado da carreira diplomática, onde ingressou por concurso em 1945 e na qual exerceu importantes funções, Houaiss organizou duas grandes enciclopédias, a Delta-Larousse e a Mirador, e traduziu diversos livros, entre eles a obra-prima Ulysses, do romancista irlandês James Joyce.
A partir de 1986, iniciou seu mais ambicioso projeto, o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, em colaboração com Mauro Villar. Considerado a mais completa obra do gênero, o dicionário só foi concluído após a morte de Houaiss pela equipe chefiada por Villar.
Segundo Helena Severo, a maior parte do material exibido na mostra veio do Centro de Estudos Latino-americanos (Cebela), guardião do acervo pessoal de Houaiss. “Ele não teve filhos e era viúvo quando morreu. Mas também recorremos a outras fontes, como os arquivos de imagens do Jornal do Brasil, da Folha de S. Paulo e da Academia Brasileira de Letras”, diz a curadora.
A exposição Antonio Houaiss – Singular, Plural fica em cartaz até 31 de março de 2016 e pode ser visitada de segunda a sexta-feira, das 10h às 17h, e aos sábados, das 11h às 14h. A entrada é gratuita e a Biblioteca Nacional fica na Avenida Rio Branco, 219, na Cinelândia, centro do Rio.