Palco de acontecimentos decisivos na história mundial, Berlim, capital da Alemanha, é hoje um dos mais importantes centros de arte contemporânea do mundo. A efervescência cultural da cidade, que projeta sua influência muito além da Europa e atrai artistas de vários países, é resultado de um movimento que começou com o fim da Guerra Fria e a reunificação do país, na década de 1990.
Um panorama da produção da nova geração de artistas radicados na capital alemã pode ser visto na exposição Zeitgeist – A arte da nova Berlim, aberta ao público nesta quarta (27) no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro (CCBB-RJ). O nome da mostra, idealizada pelo Instituto Goethe, se refere ao termo da filosofia alemã que designa o “espírito de uma época”, a partir do qual evoluem a arte, a cultura e as relações humanas.
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Obras de 29 artistas compõem a exposição, diversa em técnicas e estilos: pintura, fotografia, videoarte, performance, instalações e a cultura dos famosos clubes do underground berlinense. Para vivenciar melhor a realidade cultural e artística da Berlim contemporânea, o visitante pode percorrer seis caminhos conceituais, concebidos pelo curador Alfons Hug.
Uma das obras de maior impacto é uma máquina de erosão com 12 betoneiras e um relógio humano com 16 pessoas trabalhando na performance. O trabalho, de autoria de Julius von Bismarck e Julian Charrière, é um dos que estão relacionados ao conceito de “Eterna construção e demolição”, que reflete o cotidiano da capital alemã e permeia toda a exposição.
Para Alfons Hug, essa realidade cotidiana contribuiu para o florescimento da arte na cidade.
“Berlim teve a vantagem de ter muitos prédios e espaços abandonados depois da Guerra Fria e da reunificação da Alemanha. Era relativamente acessível para os artistas e as galerias terem seus espaços. Isto também ajudou a atrair artistas internacionais, inclusive brasileiros”, disse o curador, em entrevista ao programa Arte Clube, da Rádio MEC AM, da Empresa Brasil de Comunicação (EBC).
O mineiro Berlim Marcellvs L., representante do Brasil na mostra, é o autor de uma instalação composta por cinco monitores, que mostram vídeos registrados em diferentes partes do Memorial do Holocausto, um dos mais importantes monumentos históricos de Berlim. Radicado na capital alemã, o artista se enquadra no critério escolhido pelo curador para integrar a mostra.
“O critério foi não só o de artistas que vivem em Berlim, mas o de que suas obras tenham a ver com a cidade e com as transformações que ela está vivendo. Além dos pintores, escultores, videoartistas e fotógrafos, montamos a sala Club, porque em nenhum outro lugar a música eletrônica tem tanto vínculo com os artistas plásticos como em Berlim. Muitos artistas quando jovens trabalharam e até fizeram exposições nesses clubes”, destacou o curador.
Cinema alemão
Paralelamente à exposição, o Instituto Goethe exibirá na sexta-feira (29), às 20h, no Cine Odeon, na Cinelândia, o filme mudo Varieté (1925), de E.A. Dupont, com música eletrônica ao vivo do DJ berlinense Jan Brauer, integrante do trio Brandt Brauer Frick. A sessão especial marca a abertura da mostra Asas do Tempo – Imagens de Berlim, com 15 filmes e duas séries de TV, produzidos entre as décadas de 1920 e 2010.
Os filmes mostram o ponto de vista dos cineastas berlinenses de diferentes gêneros e épocas e poderão ser vistos do próximo sábado (30) até 15 de fevereiro no CCBB. Já a exposição Zeitgeist fica em cartaz até 4 de abril, com entrada franca e visitação de quarta-feira a segunda, das 9h às 21h. O CCBB do Rio fica na Rua Primeiro de Março, 66, no centro da cidade.