AVALIAÇÃO ✪✪✪
Nascido em Araguari (MG), Farnese de Andrade (1926-1996) arriscou-se como pintor, ilustrador, escultor e gravador. Sua obra, no entanto, notabilizou-se a partir dos anos 70, quando ele passou a criar trabalhos usando armários, oratórios, gamelas, partes de bonecos e ex-votos. Esse singular artista é celebrado por Vandré Silveira, autor e intérprete do monólogo dramático Farnese de Saudade, com direção de Celina Sodré, em cartaz na diminuta sala do Instituto do Ator, na Lapa.
Fruto de cinco anos de imersão na obra do mineiro, o espetáculo foi construído a partir da costura de manuscritos do artista, entrevistas com seus familiares e trechos de um filme sobre o homenageado. Passagens da vida de Farnese narradas em primeira pessoa são alternadas com citações em latim que acabam emperrando o ritmo. Ressalvas à parte, a montagem se destaca pelo seu aspecto mais sensorial, representado pela luz de Renato Machado e, principalmente, pelo impactante cenário do próprio Silveira (indicado ao Prêmio Shell): um pequeno cômodo gradeado e decorado com poucos móveis e objetos de arte feitos à moda das criações de Farnese. Completamente imbuído do personagem, o ator entrega uma atuação segura, que vai crescendo conforme o espetáculo caminha para o final.
Farnese de Saudade (45min). 16 anos. Reestreou em 6/10/2012. Instituto do Ator (40 lugares). Rua da Lapa, 161, Lapa (entrada pela Rua Joaquim Silva), ☎ 2224-8878. Sábado a segunda, 20h. R$ 20,00. Bilheteria: a partir das 19h15. Até dia 26.