No ano em que se celebra o centenário da Semana de Arte Moderna, a Festa Literária das Periferias (Flup) pretende questionar o apagamento do modernismo negro, jogando luz principalmente sobre quatro personagens: Pixinguinha, Lima Barreto, Chiquinha Gonzaga e Josephine Baker. O evento acontece entre os dias 11 e 18 de fevereiro no Museu de Arte do Rio (MAR) e no Museu da História e Cultura Afro-Brasileira (Muhcab), e é gratuito, por ordem de chegada.
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Enquanto em São Paulo atraía as atenções o movimento de intelectuais brasileiros brancos, Paris sediava o primeiro encontro de músicos negros na diáspora. Dele, fizeram parte Pixinguinha e seu grupo, o Oito Batutas – que incluía Donga, Raul Palmieri, Nelson Alves, China, Jacob Palmieri, José Alves Lima e Luis Pinto da Silva. Lá, eles tiveram contato com músicos norte-americanos, que saíram do sul, foram para o norte dos Estados Unidos e emigraram para a França, num intercâmbio entre ritmos brasileiros e o jazz.
Na programação, três mesas de debate se destacam em relação ao conceito de modernismo negro. No dia 11, às 19h, no MAR, o escritor franco-congolês Alain Mabanckou e a historiadora norte-americana Kim Butler participam da mesa Fluxos Transatlânticos, mediada por Luciana Diogo, para falar como a música negra se tornou a trilha sonora dos anos 1920, reunindo instrumentistas brasileiros, europeus e americanos em Paris.
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No dia seguinte, no mesmo local e horário, a mesa O Jazz, a Lei Seca e o Exílio em Paris reúne professores e escritores Jefrey G. Ogbar e Anaïs Flechet, que vão discutir o movimento migratório para a França e o encontro de musicalidades na chamada “Montmartre Noir”, com mediação de Ale Santos. Já no dia 13, o curador Bonaventure Nidkung e a escritora Maboula Soumahoro se encontram na mesa Modernismos Negros: da Expropriação à Reapropriação, que discute o apagamento histórico das vanguardas promovidas por artistas negros.
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A discussão também será levada ao palco, com shows de Teresa Cristina, Velha Guarda da Portela, Amaro Freitas, a roda Samba Que Elas Querem, Moacyr Luz e Samba do Trabalhador com Leci Brandão, Maíra Freitas e Jazz das Minas, Awurê, Rennan da Penha, BK’, MC Naninha e Majur. A Flup 22 ainda terá uma apresentação em reverência ao mestre Bangbala, ogã mais antigo do país, que nasceu em 1919, ano em que foi formado o grupo os Oito Batutas — de Pixinguinha —, num encontro envolvendo cem ogãs cariocas.
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A Flup ainda traz debates como A Elza Que Habita em Nós, com Sueli Carneiro, Eliane Dias e Silvana Bahia; Matriarcado das Tias Baianas, com Eliana Alves Cruz e Flavia Oliveira, a série Experiência Afrofunk, em que a dançarina, atriz e pesquisadora Taísa Machado, a Chefona Mermo, media mesas com nomes como Rafael Mike e Rennan da Penha, e a Série Nova Semana de 22, com mediação da cineasta Sabrina Fidalgo, que vai contar com debatedores como Maxwell Alexandre e Eliam Almeida.
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Chiquinha Gonzaga será homenageada pela cantora Juçara Marçal na palestra-performance Abre Alas que Eu Quero Passar. O pocket-show Josephine Baker – A Vênus Negra, da atriz Aline de Luna, e um debate com Terri Francis, biógrafa de Josephine, e Audrey Pulvar, jornalista e escritora francesa, mediado por Maboula Soumahoro, vão lembrar a cantora e performer. Também haverá uma batalha de voguing em homenagem à artista.
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Já o Muhcab recebe uma exposição e uma peça de teatro sobre a vida e a obra de Lima Barreto. A mostra Essa Minha Letra, com curadoria de Lilia Schwarcz, Jaime Lauriano e Pedro Meira Monteiro, traz trabalhos de 22 artistas plásticos inspirados em textos de de Lima Barreto. Na abertura, no dia 18, às 18h, os curadores participam de uma mesa sobre o legado do escritor
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Entre os artistas selecionados estão Wallace Pato, Raul Mourão e Rafael Bqueer. Depois do fim da mostra, as obras devem ser espalhadas pelas ruas do Rio. No mesmo dia, Leandro Santanna, ator e diretor do museu, apresentará o monólogo Lima Entre Nós – Estudo Compartilhado a Atualidade de Lima Barreto.
A programação completa do evento está no site www.flup.net.br.
MAR. Praça Mauá, 5, Centro. Muhcab. Rua Pedro Ernesto, 80, Gamboa. 11 a 18 de fevereiro, 16h/23h. Grátis.
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