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Fotógrafos aquáticos se arriscam para fazer fotos incríveis no mar

Munidos de câmera profissional e pés de pato, fotógrafos assumem posições até mais perigosas do que a de surfistas dentro da água, viajam o mundo e ganham muito dinheiro

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 2 jun 2017, 12h55 - Publicado em 10 nov 2014, 12h37
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  • Foram vinte anos surfando os picos mais radicais do mundo até que o bodyboarder Paulo Barcellos decidiu mudar o rumo de sua carreira. Aposentou-se das competições e trocou a prancha por uma câmera para mergulhar no ramo da fotografia aquática. Sem nenhuma experiência, partiu para Pipeline, no Havaí, em busca de suas primeiras imagens. No primeiro dia de trabalho, passou sete horas dentro da água. Os cliques renderam oito páginas em uma revista especializada e mais um anúncio para uma marca esportiva americana. “Pegar onda a vida inteira, sem dúvida, fez toda a diferença no resultado. Eu sei exatamente como me movimentar no mar”, diz. Tal destreza, entretanto, não significa que Barcellos esteja imune ao lado sombrio da nova profissão. Na mesma praia onde fez seu batismo fotográfico foi atirado por uma onda contra um banco de areia e acabou com uma grave luxação no ombro. Foram nove meses de repouso. “Para conseguir os melhores ângulos, é preciso assumir posições até mais arriscadas que as dos próprios surfistas”, diz Barcellos, que já se viu cercado por barbatanas de tubarão na Austrália e, desde 2012, apresenta dois programas no Canal Off sobre fotografia aquática.

     

    Henrique Pinguim, 32 anos: flagrante de uma arraia nadando sob a prancha de stand-up paddle em Moorea, no Taiti
    Henrique Pinguim, 32 anos: flagrante de uma arraia nadando sob a prancha de stand-up paddle em Moorea, no Taiti ()

    Mesmo arriscado, o ofício que Barcellos adotou depois de deixar o esporte tem conquistado cada vez mais adeptos nos santuários do surfe espalhados pelo mundo, entre eles praias cariocas como São Conrado, Barra e Ipanema. Muito da euforia vem da popularização das câmeras GoPro, utilizadas para o registro de esportes radicais. Pequeno, prático e fácil de ser usado, o modelo mais moderno da marca, já com a caixa à prova d’água, não custa mais do que 2 000 reais (o equipamento profissional vale cinco vezes mais). Dotadas de acessórios e lentes que permitem imagens inusitadas, essas maquininhas têm provocado uma migração massiva da prancha para a fotografia. “Ficou muito mais fácil capturar imagens no mar. Sem contar que pode ser bem divertido”, afirma Leonardo Campos, coordenador do Canal Off. Além do prazer inquestionável, a atividade pode ser uma boa forma de ganhar dinheiro — e acabar com a ideia preconcebida do surfista encostadão, que não quer nada além da vida sobre as ondas. Um registro para colecionadores é vendido, em média, por 300 reais, enquanto as imagens que estampam anúncios rendem de 5 000 a 10 000 reais aos craques da área.

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    Leonardo Neves, 30 anos: a imagem, feita de dentro da onda, ganhou as páginas de uma revista especializada em surfe
    Leonardo Neves, 30 anos: a imagem, feita de dentro da onda, ganhou as páginas de uma revista especializada em surfe ()

    Uma espécie de Kelly Slater da fotografia dentro da água, o americano Clark Little é a maior inspiração dessa turma. Famoso por capturar imagens de ondas quebrando com belas paisagens ao fundo, o surfista amador, morador de Oahu, no Havaí, comprou sua primeira câmera há sete anos. Desde então, fez inúmeras exposições, publicou livros, arrebanhou mais de 1 milhão de seguidores no Instagram e tem até um de seus cliques pendurados no Salão Oval da Casa Branca, em Washington. Seguidor e fã declarado de Little, o carioca Henrique Pinguim cresceu pegando onda no Leme e, inspirado pelo ídolo, largou o emprego em uma rádio para rodar os sete mares em busca dos melhores registros. “Apesar de arriscada, a profissão tem crescido porque muita gente acha que é uma ótima maneira de financiar viagens pelas praias mais bonitas do mundo”, avalia. “No Havaí há tantos fotógrafos que já levei até bronca na água. Gritaram para eu sair da frente de um tubo”, conta o carioca Leonardo Neves. No Rio, a concorrência ainda é tranquila – o que não significa que a profissão não esteja no radar dos amantes do mar. É o caso de Ana Catarina Teles, moradora de Laranjeiras, que acorda todo dia às 5 da manhã, checa a previsão do tempo e parte rumo a praias da Zona Sul antes de bater ponto na repartição onde trabalha como funcionária pública. “Meu sonho é fazer disso o plano A na minha vida”, diz a moça, enquanto caça imagens deslumbrantes nas águas do Leme ao Pontal.

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