Os especialistas em história da fotografia costumam atribuir a uma imagem de um pátio parisiense, de 1826, o título de primeiro registro já feito com o auxílio de uma câmera. Tal feito provocou tamanho furor que, poucos anos depois, curiosos já realizavam experimentos semelhantes em vários cantos do mundo. No Rio, ainda capital imperial, não foi diferente. Por aqui, a nova invenção passou a ser usada por profissionais e amadores interessados em registrar as paisagens e os moradores da cidade, dando origem a um rico inventário da vida cotidiana no período. Parte dessas imagens estará reunida na exposição Rio: Primeiras Poses — Visões da Cidade a Partir da Chegada da Fotografia (1840-1930), no Instituto Moreira Salles, a partir de sábado (28). Trata-se de uma seleção de 450 fotografias — algumas nunca antes exibidas —, uma para cada ano de vida da cidade, que comemora o seu aniversário no próximo domingo (1º).
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Todos os registros em exibição, de pioneiros como Marc Ferrez, Georges Leuzinger e Augusto Stahl, integram o acervo da instituição, hoje com aproximadamente 900 000 itens, dos quais cerca de 10 000 contemplam o período compreendido na mostra (confira alguns na galeria abaixo). Uma fatia considerável das imagens passou por um meticuloso processo de restauração, a cargo da equipe do IMS, que revelou detalhes escondidos pela deterioração. Em quinze das fotografias, esses pormenores estarão bem mais visíveis graças a uma ampliação em uma parede de 2,2 metros de altura por 9 metros de comprimento. “É uma oportunidade para o carioca ver a cidade de um jeito que não existe mais”, diz o curador Sergio Burgi, coordenador de fotografia do instituto.
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Algumas paisagens, de tão diferentes, são quase impossíveis de reconhecer. Em um registro feito por Revert Henry Klumb por volta de 1860, por exemplo, o Passeio Público é mostrado com a água do mar batendo em suas margens. A Praça Mauá, clicada por Augusto Malta em 1921, quando a iluminação pública a gás foi substituída por lâmpadas incandescentes, é mais facilmente identificável pelo Palacete Dom João VI, um dos imóveis onde hoje funciona o Museu de Arte do Rio (no alto). “Principalmente no início do século XX, com sua conjugação de centro urbano em crescimento com natureza exuberante, o Rio tornou-se a cidade mais fotografada do país”, diz Joaquim Marçal, pesquisador de iconografia da Biblioteca Nacional. Prepare-se, então, para uma autêntica viagem no tempo sem sair de 2015.