Gerald Thomas: “Teatro on-line não é resistência, é necessidade”
Em tempos de pandemia, o diretor e dramaturgo decidiu revisitar, pela web, o espetáculo Terra em Trânsito, quinze anos após a estreia
Aclamado pelo estilo de dramaturgia intenso e até mesmo caótico, o diretor e dramaturgo Gerald Thomas decidiu, em tempos de pandemia, revisitar o espetáculo Terra em Trânsito, 15 anos após a estreia. A versão em cineteatro, com Fabiana Gugli, faz duras críticas à política atual e está disponível gratuitamente no YouTube.
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Muitos artistas dizem que o teatro on-line veio para ficar. Concorda?
Eu enxergo esse movimento como uma medida provisória e antipática. A grande magia do teatro é a troca entre o ator e o espectador. A tela reduz tudo isso a uma relação estéril, sem graça. Nos ensaios eu usava um binóculo para me sentir mais perto da atriz.
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Por que, então, você decidiu entrar na ribalta virtual?
Porque é a única forma de trabalhar atualmente. Num momento de guerra, em que não dá para fazer uma refeição completa, você precisa se virar com o feijão enlatado. Se não fosse essa possibilidade, eu morreria de inanição. Não é nem uma questão de resistência, não vamos romantizar uma necessidade.
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E quais são as perspectivas? Vamos ter de decidir, como sociedade, se o teatro vai voltar a existir. Tem uma questão prática nisso aí: menos gente na plateia significa prejuízo para as produções. Nem todo mundo vai conseguir se manter. O teatro vai sofrer uma reconfiguração.
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Grátis. Acesso pelo canal Terra em Trânsito do YouTube.