Território dominado por condomínios de grande porte e shopping centers gigantes, a Barra da Tijuca tem sido palco de um novo tipo de expansão imobiliária. Nos amplos terrenos do bairro e de seus arredores começa a brotar uma série de hotéis de redes internacionais, dotados de serviços inéditos na região. No dia 9, o Hilton Barra abriu as portas na Avenida Abelardo Bueno, e praticamente ao lado, na Avenida Salvador Allende, o Grand Mercure também deu início a suas atividades na última terça (14). No total, são pouco mais de 600 quartos disponíveis na área que há pouco não passava de um descampado na beira da Lagoa de Jacarepaguá. Tanto o Hilton como o Grand Mercure estão ao lado do Riocentro e próximo a sedes de empresas multinacionais como Michelin, Glaxo, Tim e Shell, além de ficarem praticamente dentro do futuro Parque Olímpico. Como ninguém constrói hotéis de luxo para um evento que dura apenas quinze dias, os recém-chegados apostam mesmo é no potencial econômico da Zona Oeste. “Há uma demanda muito grande para esse segmento, sobretudo quando sediamos feiras como a Rio Oil & Gas, que traz para cá algumas das pessoas mais ricas do mundo”, afirma Alfredo Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis no Rio (Abih-RJ). “Estamos vendo uma mudança de paradigma da Barra.”
Mesmo em meio à crise que provocou uma estagnação no mercado imobiliário carioca nos últimos meses, os investidores que colocaram suas fichas nos novos hotéis estão confiantes. Avaliado em cerca de 500 milhões de reais por seu proprietário, o construtor Carlos Fernando de Carvalho, o Hilton Barra já está com a metade de seus 298 quartos reservada para os dois fins de semana do Rock in Rio, em setembro deste ano, e não há mais vagas para os Jogos de 2016. “Estamos muito otimistas com relação ao futuro da Barra e não podemos deixar de surfar nessa onda”, afirma Carvalho, que também é sócio do condomínio Ilha Pura, de 31 torres, onde ficarão hospedados os atletas. Seu hotel, que detém o padrão mais alto da operadora americana, similar ao do Hilton Morumbi, em São Paulo, possui salão de convenções com pé-direito de 6 metros e capacidade para até 500 pessoas. Operadora do Riocentro e do HSBC Arena desde 2006, a empresa GL events aproveitou a visibilidade que a região ganhou nos últimos anos para desenvolver um projeto hoteleiro que complementasse suas atividades. Para isso, investiu 170 milhões de reais no imóvel, que será operado pelo grupo francês Accor, dono da marca Grand Mercure. “Agora temos uma opção de hospedagem dentro do complexo. Nossos visitantes não precisam mais ficar alojados na orla da Barra ou na Zona Sul”, diz Arthur Repsold, presidente da empresa.
Com amplos terrenos ainda disponíveis, a Barra da Tijuca transformou-se em menina dos olhos dos incorporadores imobiliários a partir do pacote de infraestrutura que beneficiará a região. A expansão do metrô e dos sistemas BRT garantirá a mobilidade nessa área até então considerada remota da cidade. Além dos dois hotéis que acabam de ser inaugurados, outros quatro abrirão até os Jogos Olímpicos. Até o fim do ano, o Grand Hyatt, da rede americana do mesmo nome, concluirá um complexo de 436 quartos em um terreno de 45 000 metros quadrados antes da Reserva de Marapendi. No primeiro semestre será a vez do Trump Rio, do AC Hotels by Marriott e do Pestana Barra iniciarem atividades. Além das instalações estalando de novas, espaço de sobra e novos serviços, os recém-chegados oferecem outra vantagem em relação aos rivais da Zona Sul: o preço. Hoje, hospedar-se no Fasano não custa menos de 1 595 reais, enquanto no Copacabana Palace o valor mínimo é de 1 300 reais. No Hilton, o preço fica em 540 reais. “A chegada desses hotéis vai estimular a disputa pelos turistas”, avalia Pedro de Lamare, presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (SindRio). Que seja bem-vinda a concorrência.