Cabelão ao vento, pernocas de fora, o jeito único de marchar rebolando e aquela paradinha com a mão nas cadeiras. Ninguém teve dúvida: era Beyoncé, a diva americana, mas também era Ícaro Silva, caracterizado e soltando a voz no hit Crazy in Love — como participante do Show dos Famosos, quadro do Domingão do Faustão. Depois do número que levou seu nome a explodir nas redes sociais, no fim de abril, o ator paulista ainda se transformou em Ney Matogrosso, Alexandre Pires, Ivete Sangalo (“Ele dança melhor do que eu”, disse a homenageada), Bob Marley e Michael Jackson — este, com direito a passinhos de ré no estilo moonwalk. No domingo (2), depois de bater concorrentes como o ator Eriberto Leão e a cantora Fafá de Belém, Ícaro ganhou o prêmio em disputa, um carro zero-quilômetro. E, de quebra, viu o número de seguidores da sua conta no Instagram pular de 50 000 para 180 000.
A estrela digital da vez levou a sério as tardes com Faustão. “Eu queria preparar performances de qualidade para um espectador que, muitas vezes, não tem acesso à arte”, discursa. Funcionou, mas não deveria ser surpresa: Ícaro, 30 anos, tem estrada. Nascido em São Bernardo do Campo, ele veio para o Rio em 2003, quando passou no teste para Malhação. Entre as novelas da Globo, também atuou em Joia Rara (2013) e hoje vive o ambulante Dilson, de Pega Pega, atração das 7. Longe do Projac, foi elogiado pelo desempenho no papel de dois grandes cantores: Jair Rodrigues, que ele encarnou no filme Elis (2016) e na peça Elis, a Musical (2013), e o personagem-título das montagens S’imbora, o Musical — A História de Wilson Simonal (2015) e Show em Simonal (2016). Pedro Brício, seu diretor nesses dois últimos espetáculos, não economiza adjetivos. “Poucos atores de sua idade são tão completos e versáteis. Não tenho dúvida: em alguns anos, ele estará no mesmo rol de astros como Marco Nanini”, diz. Como prova dessa versatilidade, ainda em 2017 Ícaro Silva ganha os cinemas no longa Anjos da Lapa, de Johnny Araújo, sobre o Planet Hemp. Vai interpretar Skunk, personagem pouco conhecido do grande público, mas fundamental para a criação da banda. “Sinto que estou só começando”, avisa. Se cuida, Beyoncé!