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Máquina de sucessos, Cello Macedo abre no Rio a Casa Camolese

Criador de negócios como Devassa e Vezpa Pizzas, o empreendedor dedica-se ao ousado projeto de 11 milhões de reais

Por Carol Zappa
Atualizado em 30 nov 2017, 19h03 - Publicado em 30 nov 2017, 18h55
Cello Macedo
Cello Macedo na Casa Camolese: novo investimento abre as portas na quinta (7) (Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

No mundo empresarial, existe uma categoria especial de homens de negócios chamados de empreendedores seriais. Trata-se de pessoas com gosto pela aventura e talento para criar e impulsionar empresas, passar o bastão e partir para novos projetos. O paulistano Cello Camolese Macedo, de 52 anos, radicado no Rio há dezoito, pode ser considerado um deles. Sua lista de bem-sucedidas investidas em solo carioca inclui Zazá Bistrô, 00, Devassa e Vezpa. Em meio ao vácuo econômico em que se encontra a cidade, Cello prepara-se para dar vida a seu projeto mais ambicioso: a Casa Camolese. Após três anos de obras, entraves burocráticos e um investimento de 11 milhões de reais, o charmoso espaço de 870 metros quadrados no Jockey Club que reúne restaurante, bar, delicatessen, cafeteria, brewpub e clube de jazz, batizado com seu sobrenome, abre as portas oficialmente na quinta, 7 (até lá, o lugar funciona em soft opening, somente sob reserva). “Não me considero um empresário. O que vem antes é o que me move: a ideia, a concepção, o cuidado em cada detalhe”, garante.

Aspirante a músico, o jovem de classe média de São Paulo largou os estudos aos 19 anos para tentar a vida como guitarrista em Londres. Montou uma banda e divertia-se fazendo bicos em bares para se sustentar e aperfeiçoar o inglês – de lavador de pratos passou a garçom e bartender. “Adorava o contato com as pessoas e com a música, fui percebendo que minha praia era outra”, conta. Na volta à capital paulista, terminou a faculdade de Comunicação e, paralelamente à criação de trilhas para cinema e publicidade, montou um bar na Vila Madalena em 1990, o Jungle. O hobby vingou: mais tarde veio o Brancaleone e, em 1999, o Grazie Dio, casa com um pequeno palco onde se apresentaram nomes como Marcelo Jeneci, Céu e Tulipa Ruiz em início de carreira. No mesmo ano, Cello mudou-se para o Rio com a mulher, a carioca Isabela Piereck – a Zazá, comandante do restaurante em Ipanema batizado com seu apelido, a primeira empreitada do marido por aqui. Em 2000, ele abriu o 00, no Planetário da Gávea, misto de restaurante e boate de decoração e cozinha contemporâneas, rapidamente transformado em concorrido point noturno. Inquieto, desbravou os mares até então pouco navegados da cerveja artesanal no Rio e fundou com o sócio Marcelo do Rio (dos extintos Caroline Café e Melt) a cervejaria Devassa, que deu origem a uma rede de bares. Com a venda da marca para a Schincariol em 2007, e dos botecos dois anos depois, a dupla decidiu investir no ramo das redondas. “A Vezpa já surgiu como business”, diz Cello, que continua como sócio da franquia, hoje com dezoito unidades, mas longe da operação.

Desde 2009, Cello acalentava planos de juntar tudo de que gostava em um só local. O difícil era achar um ponto no Rio em que coubesse a ideia. Os planos foram adiados até que, em 2014, apareceu o espaço perfeito, na antiga Vila Portugal, no Jockey. Com a entrada de três sócios investidores, entre eles o artista plástico Vik Muniz, o lugar, que era só ruínas e lama, foi ganhando forma m meio a contratempos como estouros no orçamento e embargos de obra. “Quero que seja extraordinário mesmo, não esperava que fosse fácil”, diz.

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Por trás da fachada tombada e restaurada, o projeto de Bel Lobo revela a imponência da construção, com pé-direito de 8 metros, cercada por paredes de vidro e tijolos originais. Com a precisão de um maestro, Cello rege a brigada de 97 funcionários e cuida de cada detalhe, da trilha sonora ao cardápio. No salão para 180 pessoas, a cozinha aberta e a deli dividem espaço com a cafeteria e o elegante bar de coquetelaria, outra paixão do proprietário, a cargo de Thiago Politi (ex-Brigite’s e Felice). Os itens de charcutaria, queijos e pães de fermentação natural (em parceria com a premiada Slow Bakery), até os bitters que realçam os drinques, são feitos lá mesmo ou por pequenos produtores. Instalada no mezanino, a microcervejaria, que consumiu boa parte do investimento, conta com cinco rótulos próprios iniciais, criados com a mestre-cervejeira Kátia Jorge, além de edições limitadas, colaborativas e convidadas. A partir de janeiro, um grande jardim vai abrigar mesas coletivas e eventos como Junta Local. Até março, deve começa a funcionar no subsolo o Manouche, clube com programação voltada para o circuito independente e experimental, que terá curadoria de amigos como a atriz Fernanda Torres e a artista plástica Adriana Varejão.

Apesar das altas cifras, Cello compromete-se a manter preços equilibrados — o prato mais caro do menu, um atum grelhado com tomate, avocado e mussarela de búfala, custa 70 reais. “Admiro a coragem dele de abrir um lugar como esse em plena crise. Quem dera tivéssemos mais Cellos em nosso setor”, exalta o presidente do SindRio, Pedro de Lamare. Para o empresário, não se trata de bravura: “sou um otimista, acho que se houver solução vai estar na ação. Espero contribuir com um novo ânimo, a cidade se alimenta disso”.

quadro-perfil

(Arte/Veja Rio)
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