“É preciso adiar o fim do mundo para contar mais uma história”. A partir desta frase do ambientalista e best-seller Ailton Krenak, a curadoria do Museu de Arte do Rio concebeu sua principal exposição para 2021, que abre suas portas a partir do próximo sábado (25). Pensando em que tipo de história valeria ser contada hoje em dia, especialmente em um cenário pandêmico, decidiu-se, acertadamente, tratar sobre a história do Rio por uma nova perspectiva.
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A mostra Crônicas Cariocas não fala sobre a cidade cartão-postal, nem aquela que está nos livros de História – trata sobre o Rio que figura no imaginário coletivo daqueles que vivem e respiram a cidade em toda sua complexidade.
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Serão mais de 600 obras de arte, dentre vídeos, instalações, fotografias e pinturas, ao alcance do olhar dos visitantes no terceiro andar do museu. A arrumação das três galerias deu um aspecto labiríntico ao passeio, com cada pedaço de parede revelando momentos marcantes da capital fluminense. Deste montante, 79 já faziam parte do acervo museológico da instituição. Obras comissionadas, criadas especificamente para a exposição, também estarão presentes.
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A montagem dá vida às histórias cotidianas, relações com a vizinhança, festas, encontros dos ônibus lotados e calçadas. Por trás daquilo que é exportado ao mundo, propõe-se narrar o Rio que se embeleza e finge não ver os subúrbios. Do orgulho negro as noites eróticas.
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Entre os cerca de 110 artistas que participam da montagem, destacam-se Sônia Gomes, Lucia Laguna, Rosana Paulino, Brígida Baltar, Denilson Baniwa, Alexandre Vogler, Bispo do Rosário, Laerte e Bastardo. Nomes contemporâneos, a exemplo de Guignard, Di Cavalcanti, Lasar Segall e Mestre Didi, também compõem a coletiva.
A curadoria de Amanda Bonan em parceria com o curador-chefe do museu, Marcelo Campos, ganhou contribuição de luxo do historiador e escritor Luiz Antônio Simas e da escritora Conceição Evaristo.
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Ela salienta que Crônicas Cariocas apresenta um Rio que, apesar dos pesares, revive diariamente. “Um Rio que viu seus cinemas fecharem, suas linhas de ônibus deixarem de ligar as zonas Sul e Norte, mas que, ainda assim, nasce e renasce todos os dias”, explica. Ao que Simas complementa: “A crônica está presente na música popular, nas conversas cotidianas, nas sociabilidades construídas nos botequins, nas esquinas, no convívio com as rezadeiras. É disso que se trata”, conclui.
Museu de Arte do Rio. Praça Mauá, 5 – Centro. Quinta a domingo, 11h às 18h R$ 20,00. Abertura sáb. (25).