Tensão do começo ao fim
Em montagem afiada, texto de Daniel Veronese explora ao limite a desarmonia familiar
AVALIAÇÃO ✪✪✪
Agradáveis reuniões familiares são sempre bem-vindas, mas não rendem muito em cena. Daniel Veronese, 56 anos, autor argentino, apostou na desarmonia em Mulheres Sonharam Cavalos. Na montagem em cartaz no Teatro Poeirinha, Ivan Sugahara dirige a história das relações esgarçadas entre três irmãos e suas esposas. Ivan (Isaac Bernat) nutre assustadora obsessão por sua jovem e confusa Lucera (Elisa Pinheiro). O genioso Rainer (José Karini), administrador dos negócios do clã, vive em conflito com Ulrika (Letícia Isnard), temperamental e irônica. Roger (Saulo Rodrigues) é um boxeador machão e autoritário. Domina a submissa Bettina (Analu Prestes), dedicada a fazer as vontades do marido mais jovem por receio de perdê-lo. Na casa deles acontece o almoço em que Rainer anuncia a venda da empresa fundada pelo pai dos irmãos, mergulhada em dívidas.
De gerações distintas, os seis atores oferecem desempenhos irretocáveis. Revelam suas neuroses ao longo da sessão, através de movimentos corporais específicos, contribuindo para o clima de tensão crescente concebido pelo diretor. Em pufes e cadeiras ao redor de onde se desenrola a ação, a plateia é envolvida pela atmosfera pesada. Dá até nervoso.
Mulheres Sonharam Cavalos (90min). 14 anos. Estreou em 5/11/2011. Teatro Poeirinha (60 lugares). Rua São João Batista, 104, Botafogo, ☎ 2537-8053. Sexta e sábado, 21h30; domingo, 20h. R$ 5,00 (campanha Teatro para Todos) e R$ 20,00. Bilheteria: a partir das 15h (sex. a dom.). IC. Até 18 de dezembro.