Em cartaz há 10 meses sem patrocínio, o monólogo Tráfico, estrelado e produzido pelo ator pernambucano Robson Torinni, acaba de iniciar mais uma nova temporada. O espetáculo, que estava na sala principal do Teatro Poeira, em Botafogo, agora volta ao Poeirinha, no mesmo endereço, onde fica em cartaz até o dia 29 de outubro.
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Na contramão das temporadas cada vez mais curtas nos teatros cariocas e surfando os chamados “furos de pauta”, quando surge inesperadamente uma vaga em algum palco, a peça, indicada em cinco categorias dos prêmios APTR e Cesgranrio, segue lotada e agora a disputa por ingressos é ainda maior, já que a sala tem apenas 50 lugares.
“Por um lado tem um aquecimento das produções teatrais e por outro temos cada vez menos teatros no Rio. Demos sorte de conseguir um furo de pauta com o apoio da equipe do Poeira, que tem nos acolhido muito bem”, diz o diretor Victor Garcia Peralta.
Com texto do premiado autor uruguaio Sergio Blanco, o espetáculo narra a história de Alex, um garoto de programa que se transforma em matador de aluguel diante da falta de oportunidades e de afetos na vida. Em cena, o personagem de Torinni provoca a reflexão sobre o papel que nós todos desempenhamos na manutenção de uma sociedade desigual e sombria.
Embora se passe em uma cidade qualquer da América Latina, é impossível não fazer o paralelo e não se sentir parte do contexto de violência, abandono, déficit educacional, incentivo ao consumismo e falta de oportunidades que leva tantos jovens brasileiros a destinos igualmente trágicos. “A peça fala sobre pessoas sem chances na vida, que acabam tendo que seguir caminhos violentos, da corrupção dos poderosos e da hipocrisia de um grupo de progressistas. A história de Alex é a história de muitos no Brasil”, define Peralta.
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O autor investe mais uma vez na autoficção, gênero pelo qual ficou conhecido, que mistura relatos reais com invenção, verdade e mentira. A peça começa com o ator Torinni explicando ao público que vai contar a história de Alex.
“O texto me tocou bastante desde a primeira vez em que li, por falar sobre uma pessoa que, pelas circunstâncias de uma vida periférica sem oportunidades, não conquista nada e segue pelo caminho do crime”, diz Robson, que aborda em cenas temas como desejo, sonho, criação, solidão, sexualidade, vício, separação, falta de esperança, beleza, traição, crime e morte.
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Rua São João Batista, 104, Botafogo. Qui. a sáb., 20h; dom., 19h. R$ 60 (inteira) e R$ 30 (meia). Ingressos pelo Sympla. Até 29/10.