Nascido em Porto Alegre, o DJ Zé Pedro cresceu e morou boa parte de sua vida na Zona Sul do Rio. Tímido e filho único tolhido pela mãe, que não o deixava sair de casa até os 15 anos, ele passou a adolescência embalado pelo pop romântico internacional (ou gravado por brasileiros fingindo ser estrangeiros) que dominou as rádios e trilhas de novelas no Brasil sobretudo durante a década de 70.
No livro Mela Cueca — As Canções de Amor Que o Mundo Esqueceu (ed. Garota FM Books), que ele lança nesta terça (31), às 20h, no Manouche (Rua Jardim Botânico, 983, subsolo) e dia 6 de novembro no Bona, em São Paulo, ele resgata as canções do estilo que o encantaram enquanto revela histórias autobiográficas — ou melhor, de Júnior do Leme, apelido que ganhou de Carlos Imperial quando participou de um concurso de dança no programa do apresentador. O estilo foi batizado de forma bem-humorada pelo DJ Big Boy, nome de destaque na cena noturna carioca na época.
Há anos vivendo em São Paulo, Zé Pedro diz que herdou de seus tempos no Rio a liberdade de comportamento e que a cidade é a capital do mela-cueca. Até hoje, quando volta à cidade, ele chega munido de suas playlists do estilo e caminha principalmente pela Lagoa Rodrigo de Freitas, onde existiram o Tivoli Park e a boate Papagaio, “ícones absolutos” daquele período. “Nos dias de hoje, o Arpoador continua sendo a paisagem ideal para o romantismo”, acredita. Veja a seguir a entrevista do DJ e produtor a VEJA RIO.
VEJA RIO: Boa parte das histórias do livro se passa no Rio, cidade onde você cresceu e morou grande parte da sua vida. O que tem de Rio no Zé Pedro? Em que a cidade te influenciou?
DJ ZÉ PEDRO: A liberdade de comportamento e a possibilidade de não ter grana e poder morar de frente pra praia!
Você disse em entrevista recente que é muito romântico. O que o Zé Pedro tem do Júnior do Leme, que era vidrado nas tais canções mela-cueca?
Eu fui uma criança trancada em casa, visto que sou filho único de mãe exagerada, e a música sempre foi minha companheira de todas as horas. Logo cedo, entendi, como o Cazuza, que adorava um amor inventado, me apaixonar mais do que consumar uma relação. Sendo assim, as canções românticas da década de 70 se tornaram eternamente a trilha sonora da minha vida.
O nome “mela-cueca” foi dado por um carioca, o DJ Big Boy, e tem um bom humor que é a cara do Rio. Você diria que “o rio nos anos 70 era a capital da mela-cueca no brasil?”
Totalmente. Tanto que algumas delas tinham nomes inventados com a cara do Rio, como Melô da Asa Delta (I’d Rather Hurt Myself, de Randy Brown), e as capas das coletâneas eram todas feitas em paisagens cariocas.
Você diz que o “mela-cueca” acabou em 80. O que sobrou e o que não tem mais daquele Rio cuja trilha era, em grande parte, formada por essas canções românticas?
Até hoje, quando volto ao Rio, chego munido das minhas playlists de mela-cueca e caminho principalmente pela Lagoa Rodrigo de Freitas, onde existiu o Tivoli Park e a boate Papagaio, ícones absolutos daquele período. Nos dias de hoje, o Arpoador continua sendo a paisagem ideal para o romantismo.
Como vão ser os eventos de lançamento? Podemos esperar um clima de no túnel do tempo?
Eu vou ler trechos do livro contando minhas histórias em Copacabana, uma dubladora fará lip sync de algumas artistas da época, como Minnie Riperton e Gladys Night, e tudo vai acabar numa grande festa pra dançar!
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