De tempos em tempos, uma nova região da cidade surge como ponto de badalação. No caso da Rua Sacadura Cabral, na Saúde, o que se tem é uma espécie de ressurreição. Local de casas já consolidadas na noite carioca, como o Trapiche Gamboa, concorrido ambiente para amantes do samba e do choro, e a The Week, voltada para o público gay, a rua ganhou novos endereços que vêm agitando a vida noturna por ali. “Muita gente disse que eu era doida de abrir um bar naquele trecho ermo, mas na época foi a melhor opção, já que a área ainda tinha imóveis grandes e antigos para restaurar a preços bons”, lembra a empresária Claudia Alves, dona do Trapiche, inaugurado há dez anos. Hoje, no entanto, quem passa por ali encontra outra atmosfera. Com as obras de revitalização da Zona Portuária, a via ganhou calçadas novas, iluminação pública e rede de drenagem, água e esgoto.
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A diversidade tornou-se uma das marcas da região. Um dos pontos mais badalados é o Sacadura 154. O espaço de 2 400 metros quadrados aposta em variados gêneros musicais, de MPB a funk. Na última semana, em três noites consecutivas, a casa recebeu, com ingressos esgotados dias antes, o músico australiano Chet Faker, a festa Ware House, de música eletrônica, e o Samba de Santa Clara, frequentado pela juventude dourada do Leblon, Ipanema e afins. “Costumamos sair pela Zona Sul e nunca tínhamos vindo aqui. Adoramos o lugar, é grande e tem uma boa estrutura”, avalia o administrador Leandro Crema, que aproveitava o sambinha ao lado da namorada, Franchesca Machado. Apesar de agradar a públicos distintos, uma reclamação é consenso entre os frequentadores: o transporte público ainda é deficiente no local e os táxis acabam sendo a única opção, principalmente de madrugada.
Com ares novos, mesmo quem teve de mudar de endereço preferiu se manter por ali. Por seis anos, entre 2007 e 2013, a filial carioca da boate paulistana The Week funcionou no imóvel onde hoje fica o Sacadura 154. Desde dezembro, a casa passou a receber no número 135. Na nova sede, a boate ostenta 2 460 metros quadrados, com sessenta banheiros, telão de LED com 32 metros quadrados e 28 caixas de som, além de camarins por onde já passaram artistas como Preta Gil, Ludmilla e Valesca Popozuda. “Lutamos para que as pessoas vencessem o preconceito inicial com o local e não queríamos mais deixar a rua”, explica André Almada, sócio do empreendimento. O entusiasmo de Almada está afinado com a nova realidade da região. A vida noturna na área avança além dos agitos de fim de semana e estende-se também pelos outros dias. “Viemos para atender à demanda dos funcionários de empresas localizadas aqui no entorno, mas a ideia é atrair também os turistas”, planeja Thiago Marçon, da Jazz In’ Champanheria, que tem como ponto forte a happy hour, que avança noite adentro entre terça e sexta-feira. Ainda tem a roda de samba que anima a Pedra do Sal às segundas e as atividades do Museu de Arte do Rio, que vem promovendo shows gratuitos na área externa. Como se vê, o que não falta são boas (e variadas) opções na região.