AVALIAÇÃO ✪✪
Entre as cerca de quarenta peças de William Shakespeare (1564-1616), Timon de Atenas é das menos conhecidas. Isso não assustou o renomado National Theatre de Londres, que, em 2012, levou aos palcos uma montagem da obra, adaptando o texto (escrito por volta de 1607) para a atualidade. Com ligeiras modificações, essa versão é apresentada aqui com Vera Holtz, inusitadamente, no papel principal. Generoso e esbanjador, o ateniense Timon se vê afundado em dívidas e é rejeitado pelos antigos bajuladores. Convertido em misantropo, exila-se fora da cidade — momento em que fica evidente o talento de Vera, driblando o figurino, incomodamente parecido com o de Mãe Lucinda, personagem que viveu na novela Avenida Brasil. Na atualização da trama (que inclui black blocks e evocações de movimentos occupy), Timon e seus descaminhos soam familiares, mas um ou outro elemento parece artificial — caso do rebelde Alcebíades (Iano Salomão), apresentado com ares caricatos de Che Guevara. A montagem, dirigida por Bruce Gomlevsky, parece carecer um tanto de ritmo. No elenco de rendimento desigual, Tonico Pereira (como o filósofo Apemantus), Alice Borges (a criada de Timon) e, especialmente, Vera oferecem bem-vinda solidez (120min). 14 anos. Estreou em 9/10/2014.
Teatro Maison de France (353 lugares). Avenida Presidente Antonio Carlos, 58, Centro, ☎ 4003-2330. → Quinta e sexta, 19h30; sábado, 20h; domingo, 18h. Bilheteria: a partir das 13h (qui. a dom). Até 7 de dezembro.
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