De mudança para um moderno prédio na Barra da Tijuca, o acervo de arte popular do Museu Casa do Pontal, no Recreio, é um dos mais ricos do país. A exposição Até Logo, Até Já, que marca a despedida da icônica sede, que sofre com enchentes e alagamentos, foi prorrogada até o dia 29 de novembro.
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A mostra tem mais de duas mil peças de artistas como Mestre Vitalino e Zé Galdino. VEJA Rio separou três obras que são verdadeiras joias da cultura popular brasileira e que podem ser contempladas na exposição. Confira:
Retirantes, de Mestre Vitalino
Vitalino Pereira dos Santos nasceu em 1909, em Caruaru, Pernambuco, começou a esculpir em cerâmica ainda na infância e é um dos expoentes da arte popular. A obra Retirantes, considerada um clássico do gênero, aborda a questão daqueles que, pressionados pela seca, são obrigados a abandonar suas casas, seus bens e seus animais para tentar uma vida melhor em outras regiões do país. A escultura tornou-se emblemática na luta dos sertanejos pobres. No exterior, em 1962, o filme O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cinema de Cannes, na França. O longa projetou internacionalmente a ideia de “sertão”, e colaborou para que a obra Retirantes fosse vista como sua síntese. Esta escultura de pequenas dimensões trata da escassez de tudo. Os corpos das pessoas e dos animais aparecem desanimados e sem forças.
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Bom Dia, de Zé Caboclo
Ao se deparar com esta peça, do pernambucano Zé Caboclo (1921–1973), o escritor português detentor do Prêmio Nobel de Literatura José Saramago foi tomado por uma inspiração e teve a ideia para o livro A Caverna (2001, Cia das Letras), que discute a relação entre o mundo artesanal da olaria e um novo mundo impessoal. José Antônio da Silva, o Zé Caboclo, nasceu no Alto do Moura, vizinho a Caruaru, e contribuiu de maneira decisiva, junto com Vitalino e Manuel Eudócio, seu cunhado, para marcar um estilo na arte dos bonecos de barro daquela região.
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Sinaleiro dos Ventos, de Laurentino
À primeira vista, a obra de Laurentino (1937-2009) pode parecer frágil, mas tem uma engenhosidade fascinante. As pás que estão nas mãos do boneco se movimentam a partir do impulso dos ventos, marcando a direção de onde ele vem. Os sinaleiros de ventos são muito usados em regiões costeiras ou nas quais prevalecem casas em vez de edifícios. Eles ajudam a prever as mudanças climáticas, indicando, pela direção do vento, se vai chover ou se a estiagem permanece. Laurentino chamava suas esculturas móveis de papa-ventos. A crítica de arte Lélia Frota usou as expressões universos moventes e engrenagem/bricolagem elétrica para descrever esse tipo de criação.
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Até Logo, Até Já. Museu Casa do Pontal. Estrada do Pontal, 3295, Recreio. Terça a domingo, 9h30 às 17h. Grátis. Neste domingo (15), por causa das eleições, o centro cultural ficará fechado.