Joãosinho Trinta merecia mais
Cinebiografia dirigida por Paulo Machline faz apenas um recorte acanhado do homem que revolucionou o Carnaval
O Carnaval carioca não seria o mesmo sem Joãosinho Trinta (1933-2011). À frente de escolas de samba como Salgueiro, Viradouro e, sobretudo, Beija-Flor, o carnavalesco é tema de uma cinebiografia correta mas, infelizmente, sem o brilho e a energia de suas criações. Talvez o deslize esteja na opção do diretor e roteirista Paulo Machline por limitar o recorte na maior virada profissional de Joãosinho, papel de Matheus Nachtergaele. O roteiro se concentra numa importante mudança em sua vida, quando, seis meses antes do desfile de 1974, assumiu o posto de carnavalesco do Salgueiro, após a brusca saída de Fernando Pamplona (Paulo Tiefenhaler). Antes um aderecista, ele encara o novo desafio mesmo tendo inimigos ao redor — o principal deles é o chefe do barracão, interpretado por Milhem Cortaz. Para entender como Joãosinho virou sinônimo de espetáculo popular, a história volta no tempo para mostrá-lo, nos anos 60, como bailarino e, futuramente, cenógrafo do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Contada sem emoção nem arroubos estéticos, sua trajetória no cinema fica aquém do talento daquele homem baixinho e franzino que revolucionou a passarela do samba. O longa-metragem termina com registros reais de seus momentos no Sambódromo. Contudo, as imagens precárias em vídeo acabam comprometendo a homenagem. ✪✪ Trinta, de Paulo Machline (Brasil, 2014, 92min). 12 anos. Estreou em 13/11/2014.