Vinicius se consagra como um dos mascotes mais queridos das Olimpíadas
O personagem inspirado na fauna brasileira desponta como estrela durante a Rio 2016 e continua a fazer sucesso na internet mesmo depois do fim dos Jogos
Ídolos do basquete americano, Kevin Durant, Carmelo Anthony e DeMarcus Cousins haviam acabado de deixar a quadra no segundo intervalo da final olímpica entre Estados Unidos e Sérvia, no domingo (21), quando o boneco de plástico amarelo pouco maior que os jogadores apareceu em um dos túneis laterais da Arena Carioca 1, na Barra da Tijuca. Foi o que bastou para a plateia explodir em aplausos. Animado, Vinicius, um felino que carrega traços de vários animais brasileiros, requebrou ao som de Thriller, de Michael Jackson, e deu cambalhotas. Nem mesmo os americanos da torcida, habituados a apresentações desse tipo em seu país, resistiram às palhaçadas do bicho. Aclamado, Vinicius deixou o ginásio sob ovação e assobios, e ainda ensaiou uma última gracinha ao se jogar no chão como se tivesse desmaiado assim que retornou ao túnel de acesso. Dias antes, o boneco, em uma versão um pouco diferente, já havia recebido a atenção do velocista jamaicano Usain Bolt. Logo depois de vencer sua primeira prova, o homem mais rápido do mundo preparava-se para comemorar o feito em uma volta olímpica no Engenhão quando foi abordado pela mascote, que lhe deu um modelo de pelúcia. O corredor passou vários minutos abraçado ao brinquedo. “O Vinicius bateu recorde de beijos e abraços, sendo mais requisitado para selfies do que muitos atletas. Já existe um forte apelo do público para torná‑lo mascote da cidade — e também do Brasil”, diz Beth Lula, diretora de marca da Rio 2016.
Não foi apenas o excesso de fofura que transformou o pet olímpico em sucesso. Desenvolvido pelo estúdio de animação Birdo e batizado em homenagem ao poeta e compositor carioca Vinicius de Moraes, o personagem recebeu a sustentação de uma sofisticada estratégia de marketing. Uma equipe de seis funcionários ficou responsável por gerenciar sua imagem, inclusive nas redes sociais. Havia até mesmo um profissional encarregado exclusivamente de planejar sua agenda de participação nas competições, que levou seis meses para ser montada. Em alguns jogos, Vinicius aparecia a caráter, com se fosse atleta. Em outros, era coadjuvante, como aconteceu na luta greco‑romana. Na modalidade, uma versão de pelúcia de cerca de 20 centímetros era usada pelos técnicos dos fortões para pedir aos árbitros a revisão de golpes. Normalmente, são lançadas toalhas no tatame, mas, na Rio 2016, o arremesso foi de Vinicius. Ao todo, foram cerca de quinze aparições por dia, sempre escoltado por dois coordenadores. O nome dos atores por trás da fantasia amarela berrante foi mantido em sigilo sob o argumento de que quem deve brilhar é o boneco, e não as pessoas que lhe dão vida — como acontece com figuras como Mickey, Pateta e Pato Donald.
O resultado desse esforço pode ser conferido em memes com o personagem que se espalharam pela internet e em filmagens de suas estripulias compartilhadas no YouTube (as coreografias foram inspiradas nos passinhos do hit Macarena). Encerrados os Jogos, ele se manteve em alta com uma divertida série de piadas virtuais em que aparecia procurando emprego. O boneco do bicho foi o item mais vendido nas lojas da Rio 2016. Também foi um sucesso a Casa dos Mascotes no Parque Olímpico, uma instalação de 800 metros quadrados erguida apenas para celebrá-lo ao lado de seu parceiro, Tom, mascote da Paralimpíada, batizado em homenagem a Tom Jobim. “De certa forma, ele repete um pouco a trajetória do ursinho Misha, símbolo dos Jogos de Moscou, em 1980, o mais carismático de toda a história das Olimpíadas”, compara Fabio Dragone, superintendente executivo de marketing e responsável pelo projeto olímpico do Bradesco, um dos patrocinadores da mascote brasileira. “Vinicius foi muito elogiado por especialistas de marketing estrangeiros por ser muito expressivo e ter personalidade marcante, sem contar que é muito bem‑humorado”, completa. Pelo visto, a partir de 7 de setembro, a data de início dos Jogos Paralímpicos, Tom vai ter trabalho à beça.