Ritmo de repartição
Bartleby, o Escriturário é uma inusitada comédia dramática do autor do clássico Moby Dick
Em dezessete anos, a Cia. Dramática de Comédia conquistou seis prêmios e brindou o público com memoráveis montagens, a exemplo de O Homem da Cabeça de Papelão (2008) e A Caolha (2010). A nova empreitada do grupo é a comédia dramática Bartleby, o Escriturário. Responsável pela adaptação do texto instigante de Herman Melville (1819-1891), autor de Moby Dick, João Batista também assina a direção ? e, nessa função, imprime ritmo demasiado lento ao espetáculo.
Foi boa a ideia de manter o narrador, um advogado de Wall Street bem interpretado por Duda Mamberti. Profissional dedicado, de princípios rígidos, em meados do século XIX, ele contratou um funcionário extra para reforçar a equipe de três copistas. Bartleby (em sensível atuação de Gustavo Falcão), de início, superava as expectativas de seu chefe, produzindo, como uma máquina, milhares de páginas. Suas idiossincrasias, no entanto, logo começam a chamar atenção e prejudicar a rotina. O comportamento do subalterno tira do sério a equipe e leva o patrão a atitudes inusitadas. Além dos dois personagens principais, Claudio Gabriel sobressai na pele do esquentado Turkey. Eduardo Rieche cria a contento o impaciente Nippers, e Rafael Leal não compromete como o faz-tudo Ginger Nut. A iluminação de Renato Machado, o cenário de paredes e portas tortas, de Doris Rollemberg, e os figurinos de Mauro Leite contribuem para o desenrolar da trama. Por outro lado, a música de Marcelo Afonso Neves torna ainda mais vagarosa a cadência da encenação.
Bartleby, o Escriturário (80min). 14 anos. Estreou em 19/5/2011. Teatro Laura Alvim (245 lugares). Avenida Vieira Souto, 176, Ipanema, ☎ 2332-2015, ? General Osório. Quinta a sábado, 21h; domingo, 19h. R$ 20,00. Bilheteria: a partir das 16h (qui. e sex.); a partir das 15h (sáb. e dom.). IC. O espetáculo faz uma interrupção neste domingo (29) e prossegue a temporada terça e quarta, a partir de terça (7). Até 27 de julho.