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O dono da mistura

Curador do evento, o músico Zé Ricardo promove encontros inusitados no palco

Por Carla Knoplech
Atualizado em 5 dez 2016, 16h05 - Publicado em 2 set 2011, 16h38
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  • Elton John, Stevie Wonder, Rihanna, Cold Play e Red Hot Chili Peppers. São muitos os nomes consagrados a caminho do Rock in Rio. Atrás das estrelas, calcula-se que, a partir do dia 23, cerca de 700?000 pessoas passem pela cidade cenográfica montada às margens da Lagoa de Jacarepaguá. Poucos desses fãs, no entanto, já ouviram falar de um dos mais importantes personagens do festival. Trata-se do músico carioca Zé Ricardo. Aos 41 anos, ele é o responsável pela direção artística do Palco Sunset, que vai abrigar durante sete dias 68 artistas de variados gêneros musicais e nacionalidades. Em shows curtos, de uma hora, o público vai acompanhar encontros inusitados. Foi dele a ideia de unir, na mesma apresentação, o vozeirão soul de Ed Motta, a guitarra portuguesa de Rui Veloso e o timbre metaleiro do líder da banda Sepultura, Andreas Kisser ? o trio se reúne na abertura do evento. Em outro momento, no dia 30, subirão ao palco o rapper Emicida, o grupo de pop e reggae Cidade Negra e o sambista Martinho da Vila. Muitos consideram as reuniões ao vivo o ponto alto da atual edição.

    A trajetória do organizador do eclético mutirão é singular. Filho de um zelador de prédio na Zona Sul, Zé Ricardo repetiu por anos a rotina tripla de ir ao colégio, trabalhar como estagiário no Banco do Brasil e tocar em casas noturnas. Na primeira vez em que se apresentou, no Bar Radical, no Leme, ganhou em uma noite o equivalente à metade do salário de seu pai, com quem morou no bairro da Lagoa até os 18 anos. Foi então que percebeu que estava no caminho certo: fazer o que gosta e ser pago por isso. Ao receber o convite de Roberta Medina, produtora do Rock in Rio, para cuidar da curadoria do festival em Lisboa, chegou a titubear. ?Estava produzindo meu quarto disco?, lembra. Ela respondeu na hora: ?Depois disso você vai lançar quantos quiser?. Convencido de que estava, mais uma vez, fazendo um bom negócio, Zé Ricardo desenvolveu na Europa sua fórmula de jogar luz sobre promissores artistas iniciantes e tirar os consagrados da zona de conforto. Depois de testar a receita em duas edições em Lisboa (2008 e 2010) e uma em Madri (2010), além de na próxima versão carioca, ele finalmente se prepara para lançar o quarto CD da carreira. Em Vários em Um, o músico gravou parcerias com artistas de estilos diversos, a exemplo de Davi Moraes, Gabriel Moura e Edu Krieger. Como se vê, a mistura é o seu trunfo. Sempre.

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