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Grávidas e mães de bebês: grupo de risco com emoções à flor da pele

Com preocupações e cuidados redobrados, gestações em meio à pandemia não contam com familiares ao redor

Por Carolina Brasil e Lorena Lima*
Atualizado em 14 jul 2020, 17h52 - Publicado em 24 jun 2020, 16h12
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  • Débora manda fotos da barriga para a mãe. Ana ainda nem viu os pais desde que soube da notícia. Carolina sonha com um passeio de carrinho pela orla. Sem muitos familiares por perto, por causa do isolamento social, as gestantes e mães de recém-nascidos – como Débora, Ana e Carolina – têm passado por momentos de apreensão nesta pandemia. Consideradas grupo de risco da Covid-19, essas mulheres enfrentam um período duplamente sensível – a chegada da maternidade somada às ameaças do novo coronavírus. Mas sem pânico, afinal a ocasião é de celebração da vida. Com apoio de médicos e dicas de especialistas, elas contam como está sendo a rotina e os cuidados com a saúde física e emocional.

    A dentista Débora Alencar, 34 anos, está com 23 de semanas de gestação. Grávida do primeiro filho, precisa “prestar contas” com a futura vovó. “Eu tenho que ficar mandando fotos da minha barriga para a minha mãe ver. Para ela, é importante ver e acompanhar, então eu fico sempre atualizando. Nunca imaginei passar esse cenário de gravidez em casa”. Débora descobriu a gravidez em janeiro. “No início, eu estava sem acreditar… Mas em nenhum momento, fiquei em pânico”. Para Débora, saber que não pode ver sua família cria uma necessidade ainda maior de manter contato constante. “A ajuda dos familiares é mais de conversar. Toda semana tem uma videoconferência com a família. A gente não tem se encontrado, mas se fala bastante, e isso ajuda.”

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    Ana Ozenda, de 31 anos, está grávida de quatro meses. Será um menino. “Fiquei um pouco apreensiva no começo, nos três primeiros meses. Agora é que deu uma aliviada. Acho que o pior já passou”. A arquiteta conta que, no começo, a falta de informações era preocupante. “Não havia uma referência das mães de início de gravidez, e o que poderia acontecer com o feto, em caso de infecção pelo novo coronavírus.”O contato com a família também está adaptado aos novos tempos. “Meus pais moram em São Paulo, eu nem encontrei com eles ainda. Eles são médicos, então me orientam bastante, à distância. Minha sogra e minhas tias que moram aqui no Rio são todas do grupo de risco, então a gente acaba não tendo contato.”

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    gravidez e filho
    Recém-nascidos: outro ponto delicado na pandemia (Adytia Romansa/Unsplash/Reprodução)

    A situação impensada da quarentena fez com que a luz da criatividade acendesse para essas mulheres. A culinária, leitura e pintura vão se tornando refúgios do tédio, do medo e das ansiedades. “Tento ocupar meu tempo de outras formas. Estou lendo mais, comprei um monte de livros no início da quarentena”, conta Débora, que tem evitado ir ao mercado, tarefa agora do marido. “Também começamos a arrumar o quarto do neném, tudo isso vai ajudando a ocupar a cabeça. A gente teve que pintar tudo, mesmo não tendo nenhuma habilidade com isso.”

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    A adaptação ao trabalho remoto não foi problema para Ana e o parceiro, que já trabalhavam em home office antes da pandemia. O trabalho ajuda a preencher o tempo, assim como cozinhar. A desvantagem é em relação à atividade física. “Moro num apartamento de 80 metros quadrados, então não dá para ficar correndo pela casa. Faço pilates online, mas sem uma orientação”. Ana e o marido evitam ao máximo sair de casa. As compras de mercado são feitas on-line. “O que mais me deixou chateada é não poder ver as coisas do bebê, ir às lojinhas, ver o carrinho”, conta Ana. Outra questão de ordem prática que a preocupa no momento são as suas próprias roupas, que logo não caberão mais. “Não tenho ideia de como eu vou comprar roupa on-line se eu nem sei qual é meu tamanho.” Débora, por outro lado, tinha viagens marcadas. Uma para o início de abril e a outra para comprar o enxoval. “Íamos fazer o enxoval em Miami, e não conseguimos.”

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    Preocupações com o hospital

    Em meio a tanta dúvida, uma certeza é que a vida sempre se renova. Quem já passou pelos perrengues da gestação que o diga. “A gente pegou o iniciozinho do coronavírus. Fomos abrindo mato para passar”, contam Carolina Ozenda e Ronaldo Smolentzov, de 33 e 32 anos, respectivamente. Eles tiveram sua primeira filha, Maria Luisa, no dia 30 de março. “No início, a gente estava mais tranquilo, até porque não sabíamos de muitos casos. Perto de a Malu nascer, falava-se que seria o pico da pandemia no Rio e que haveria problema de leito nos hospitais. Começamos a ficar nervosos…”. Uma das preocupações do casal era o possível contato da bebê com pessoas contaminadas, já que o hospital é um local de grande circulação de profissionais da área de saúde.

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    Para os novos pais, acostumar-se a essa nova realidade leva tempo, mas não tem jeito. “Agora ela já está começando a virar uma pessoinha, no nosso dia-a-dia. Não está acontecendo como a gente sonhou. O ideal seria poder, por exemplo, passear com ela de carrinho na praia, mas não pode”, lamenta Carolina. “Parece ser simples e bobo, mas uma das coisas que mais faz diferença é poder ir ali na praia, ver o sol, dar um mergulho. Quando a situação se acalmar, a primeira coisa que vamos fazer vai ser leva-la ao calçadão da praia.”

    Carolina Brasil e Lorena Lima*, estudantes de comunicação, sob supervisão dos professores da universidade e revisão de Veja Rio

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