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Da Barra da Tijuca às pistas inglesas: conheça a história do jovem piloto Roberto Faria

Prodígio aos 16 anos, piloto da Fórmula 3 Britânica se inspira em Lewis Hamilton para chegar à F-1

Por *João Pedro Farah
Atualizado em 28 dez 2020, 11h28 - Publicado em 28 dez 2020, 11h27
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  • A pandemia fez o carioca Roberto Faria antecipar o salto da Fórmula 4 para a Fórmula 3 Britânica. A categoria permite que treinadores e famílias acompanhem os pilotos nas provas – uma baita vitória em tempos de distanciamento. Assim o prodígio de 16 anos, criado na Barra da Tijuca e radicado há 13 meses em Londres, encurtou a distância para a sonhada Fórmula 1. Um sonho iniciado aos 10 anos, quando guiou o primeiro kart e faturou campeonato carioca.

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    Para chegar à elite do automobilismo mundial, Roberto exercita outras duas virtudes além da perícia ao volante: a capacidade de observação e a concentração. Nelas se sustenta o esperado amadurecimento na nova categoria:

    “Quando você pilota com atletas mais experientes, você aprende mais. A Fórmula 3 tem essa vantagem. Foi muito bom para mim”, anima-se o adolescente.

    A tática já rende bons resultados. Embora só tivesse treinado uma vez com o carro de Fórmula 3, o brasileiro não cometeu nenhum erro durante a temporada. De quebra, faturou o segundo lugar no icônico circuito de Silverstone, em novembro.

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    As atuações seguras no automobilismo começaram ainda na infância. Logo no primeiro ano de disputa de kart, em 2015, conquistou o título da categoria Cadetes. Para Roberto, o desenvolvimento de talentos depende da expansão de corridas e de pistas no Rio e no Brasil:

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    “Hoje o Rio só tem dois kartódromos. Em Guapimirim e Volta Redonda. Era complicado para eu correr, pela distância desses lugares. Não é como futebol, que tem uma quadra em todo lugar” compara o jovem piloto.

    Alçado às pistas europeias pelo virtuosismo inspirado no heptacampeão mundial de F1 Lewis Hamilton, Roberto administra a saudade do Rio na companhia de objetos afetivos levados para a Inglaterra: um pôster feito pelos amigos, uma camisa das Olimpíadas do colégio, um cordão. Ele garante que já está adaptado à vida um tanto solitária na qual equilibra os treinos e as disputas de piloto profissional com os afazeres de um estudante do ensino médio:

    “Eu já corria o campeonato europeu. Já vinha só. Meus pais viram que eu tinha responsabilidade para morar sozinho”, orgulha-se.

    O clima predominantemente frio, especialmente aos padrões brasileiros, também aguça a memória afetiva de Roberto. Ele conta que sente muita falta do calor carioca, especialmente do agito em família:

    “Todo fim de semana no Rio, eu, meu pai e meus irmãos saíamos para andar de bicicleta na praia. Quando eu não tinha treino nos fins de semana, pedalávamos quase 11 quilômetros”, recorda. “Também ia muito ao condomínio Novo Leblon, para jogar futebol com meus amigos. Aqui (na Inglaterra), isso não é comum. No Rio, o tempo sempre era bom, muito sol. Aqui não temos essa opção. Sinto falta de tudo isso”.

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    No tempo livre, o carioca assiste a corridas antigas ao lado do técnico, Luigi Di Nizo. Para o jovem piloto, as competições de 2004 e 2005 servem como estudo. Não menos pedagógica revela-se a trajetória de Hamilton, cujo sétimo título mundial foi conquistado a quatro corridas do fim da temporada de 2020.

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    “Ele (Hamilton) está em outro nível. Basicamente não erra. O. automobilista britânico da Mercedes se tornou o mais completo da categoria e o que mais se adapta às situações adversas, avalia Roberto.

    A admiração por Hamilton e pelo automobilismo britânico guia as referências com as quais Roberto Faria pretende arrancar do reconhecimento de talento precoce para consumar-se como um dos protagonistas do automobilismo. Numa conversa rápida, por telefone, ele detalhou as suas pretensões e a rotina dividida entre a agenda de grande promessa das pistas, as tarefas de estudante e as estratégias para dirimir a saudade do Rio:

    Como a pandemia afetou a rotina de corridas? 

    No início do ano, tinha feito o Media Day, ou seja, os melhores tempos. Uma semana antes da corrida inicial, a Inglaterra anunciou o lockdown. O colégio onde morava fechou. Então, tive de voltar ao Brasil. Retornei à Inglaterra em junho. Os treinos foram reiniciados um mês depois. A pandemia retardou o começo do campeonato, como ocorreu noutras modalidades esportivas.

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    Você sente dificuldades de conciliar as aulas com as competições? 

    Há uma boa flexibilidade. Neste ano faltei 10 vezes em três meses de aula. Termino de fazer o dever à noite, depois dos treinos e das corridas.

    Qual foi a sua melhor corrida na Inglaterra? 

    Foi a minha última, em Silverstone, na Fórmula 3. O nível era alto. Todos tinham bastante experiência. Consegui largar de terceiro e chegar em segundo. Por enquanto, foi minha melhor performance.

    A nova geração gosta muito de videogame. Você costuma jogar?

    Jogo sim, no meu computador. Tenho uns carros baixados. Os ingleses gostam tanto de corrida que desenharam o meu carro da Fórmula 4, e eu baixei no computador. Um cara postou, de graça, e agora jogo com ele.

    Como você espera chegar à sonhada Fórmula 1? A progressão de categoria é um atalho?

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    Agora com 16 anos, eu fiz minhas primeiras corridas na Fórmula 3. Normalmente, com 17 anos estão ainda na Fórmula 4. Por exemplo, meu companheiro de equipe na F4 foi campeão, mas ele tem 18 anos. Acredito que a minha antecipação ajude a chegar à Fórmula 2 e à Fórmula 1.

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    Que o piloto brasileiro você considera hoje com mais chances de chegar à Fórmula 1?

    O Felipe Drugovich fez o primeiro ano de Fórmula 2 e ganhou algumas corridas. Ele tem feito um bom trabalho e tem boas chances de, num futuro próximo, chegar à Fórmula 1.

     

     

    *Por João Pedro Farah, aluno de Comunicação Social – PUC RJ

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