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Na contramão da crise, tênis cresce e impulsiona economia carioca

Varejo aponta alta de quase 70% no faturamento associado a produtos desse esporte

Por Vitória Lemos*
6 set 2021, 16h56
Foto mostra dois rapazes brancos jogando tênis em uma quadra com piso azul
Tênis em alta: cariocas buscaram as aulas e partidas como uma forma de se manterem ativos na pandemia (Divulgação/Divulgação)
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Atividades ao ar livre ganham espaço nas rotinas urbanas. O tênis integra esse contragolpe às horas mergulhadas nas telas do home office e das aulas online. Parcialmente atribuída a uma conveniência sanitária (praticantes mantêm distância segura), a expansão do esporte de raquetes mostra-se aliada da saúde física e mental sob o tormento da pandemia. Mostra-se também um respiro à economia sob o fantasma da retração. 

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Indicado na lotação de quadras em clubes, condomínios, e até na praia, o avanço do tênis no Rio contrapõe-se ao recuo de emprego, renda e consumo nos últimos meses. (O estado beira o recorde 20% de desempregados, estima a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua / Pnad.)

Mesmo longe da popularidade do futebol, o mercado do tênis movimenta serviços e vendas crescentes no varejo, sobretudo de materiais esportivos.

O comércio de produtos como raquetes e bolinhas para iniciantes produz uma alta no faturamento varejista de quase 70% no último ano, calcula Danilo Silva, líder da categoria de raquetes Decathlon Brasil.  

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Cariocas vêm aderindo às aulas e partidas de tênis como uma saída para se manterem ativos sem abdicar das precauções sanitárias. Para o instrutor Hélio Rossi, “a distância considerável entre os praticantes e a participação de poucas pessoas contribuíram para que o tênis esteja tão procurado”. 

Foto mostra uma moça branca jogando tênis em uma quadra com piso azul
Alta procura das quadras: espaços registraram aumento de 20% a 40% na procura (Divulgação/Divulgação)

O professor observa que a adesão ao tênis está “tão grande quanto na chamada era Guga”, entre 1997 e 2001, quando Gustavo Kuerten sagrou-se tricampeão de Roland Garros e impulsionou novas gerações de tenistas no Brasil. O impulso agora vem do ajuste aos protocolos de distância exigidos na luta contra a pandemia.

Guilherme Louzada, de 41 anos, já jogava tênis antes de Guga despontar. A prática agora o ajuda a superar as dificuldades impostas pela pandemia. Com a mudança do trabalho presencial para o remoto, a rotina de treinos pode ser intensificada e alterada para um horário melhor:

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“O tênis representa saúde, sociabilização, saúde mental, saúde física. Tudo de bom. Com a nova rotina de trabalho online, os treinos me ajudam a sair de casa. Por ser um esporte sem contato físico e praticado em um ambiente aberto, ele é compatível com as circunstâncias atuais. Com o home office, consigo fazer melhor o meu horário. Além disso, o tênis colabora para eu descarregar a ansiedade”.

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Lúcia Cristina, de 44 anos, não é propriamente uma caloura. Reencontrou o tênis depois de mais três anos afastada das raquetes. Imersa no mundo online desde o começo da pandemia, ela descobriu no esporte uma alternativa para entrar ver e rever pessoas de forma segura. Lúcia destaca também os benefícios à saúde: 

“O tênis melhora meu condicionamento tanto físico quanto psicológico, porque a gente joga aqui no clube, em um ambiente super agradável. Os professores são agradáveis, e é uma forma de a gente ter contato com outras pessoas, de conversar, de espairecer. Aqui, mesmo de longe, temos contato.

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Já Flávio Fernandes, de 44 anos, é um dos calouros que reforçam a ascensão do tênis. Ingressou no esporte para perder o peso adquirido durante a quarentena. Em princípio, ele caminhava na praia, à noite.

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Mudou de tática ao observar o aumento progressivo de pessoas no calçadão, muitas sem máscara. Decidiu migrar para o tênis, longe do risco de aglomeraçãoPouco mais de um mês depois de ter começado a praticar o esporte, Flávio constatou benefícios ao corpo e à mente. Exalta uma vitória da autoestima: 

“Se eu tivesse começado no início da pandemia, estaria ainda melhor. A autoestima foi o ponto principal. Depois que comecei a praticar, tenho me sentido muito melhor, mais disposto.” 

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Os benefícios se estendem à saúde econômica de prestadores de serviços e empresas fornecedoras de aulas, roupas, raquetes, bolinhas, materiais esportivos.

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Na contramão da crise, a Pró MV Tênis, por exemplo, registrou um aumento de mais de 40% no número de alunos, durante a pandemia. Com o salto, o quadro de funcionários subiu 14,4%

O clube Rio Ace (unidade Cocotá) também passou a receber mais alunos. O aumento de mais de 20% no número de praticantes gerou a contratação mais funcionários. 

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O varejo é outro reflexo da expansão do tênis no último ano. Danilo Silva, da Decathlon Brasil, ressalta que os artigos para iniciantes respondem por grande parte do impulso na venda de produtos ligados ao tênis, que fez o faturamento subir aproximadamente 70%.

“As bolinhas, raquetes de iniciação, raquete infantil e equipamentos para aulas foram os destaques no crescimento da demanda”, observa. 

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*Vitória Lemos, estudante de Jornalismo da PUC-Rio, sob supervisão de professores da universidade e revisão de Veja Rio. 

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