Uma cerimônia na última segunda (8), no Hotel Unique, em São Paulo, marcou o lançamento da edição regional Rio de Janeiro & São Paulo 2017 do Guia Michelin, que distribuiu dezenove estrelas nas duas cidades. Apesar das mudanças nos nomes, a constelação carioca se mantém com seis delas. Isso porque a perda de Roberta Sudbrack e Le Pré Catelan na lista, ambos fechados, foi compensada pela volta do Oro – a casa do chef Felipe Bronze ficou fora da edição 2016, quando esteve fechada – e a estreia do Laguiole, a grande surpresa.
A casa contemporânea do restaurateur Marcelo Torres entra para o olimpo do guia francês sem seu chef. Comandante da cozinha do Museu de Arte Moderna por quase três anos, Elia Schramm, de 34 anos, deixou o posto em março após um acordo com o patrão. “Entendemos que o tempo dele em nossa empresa havia passado. Ele tinha projetos próprios e dali pra frente nossa parceria não renderia muito mais”, explica Torres, que procura um substituto para o mestre-cuca. “Não trabalho pensando em prêmio, mas em qualidade. No serviço, no ambiente e na comida. Mas gostei do resultado, claro. O Laguiole é uma Ferrari que muda seu piloto de tempos em tempos”, completa. Schramm comemorou à distância: “Fico muito feliz, me dá uma sensação de dever cumprido, mas não esperava”. Nenhum representante da casa subiu ao palco para receber as honras.
Completam o time de estrelados Eleven Rio, Lasai, Mee e Olympe, que, para o alívio de seus chefs, mantiveram estrelas conquistadas em edições anteriores. O D.O.M., casa paulistana de Alex Atala, continua sendo o único brasileiro com duas estrelas – a cotação máxima são três. A capital paulista possui outros doze estrelados, incluindo o novato Picchi. Durante a festa, chefs renomados como Atala, além de Rafa Costa e Silva (Lasai), Thomas Troisgros (Olympe) e Rodrigo Oliveira (Mocotó), puseram a mão na massa e cozinharam para os convidados.
Além de distribuir estrelas, o Michelin destaca endereços com boa relação entre qualidade e preço, os chamados Bib Gourmand. O guia francês identifica apenas dez com esta característica no Rio, entre eles o estreante Bottega del Vino. Outra surpresa: restaurante-assinatura do chef Pedro de Artagão, o Irajá Gastrô, limado das edições anteriores, foi finalmente citado na publicação, mas sem receber estrelas.
Publicado pela primeira vez em 1900, o Guia Michlin se tornou uma espécie de bíblia para os amantes da boa mesa; e suas estrelas, motivo de euforia e desgraça para chefs. A marca se espalhou mundo afora, mas dificilmente alcança a mesma força que tem na França e em outras partes da Europa. Nos últimos tempos, vem disputando relevância com prêmios internacionais contemporâneas, a exemplo do 50 Best Restaurants, da revista britânica Restaurant, e com publicações regionais mais influentes em suas áreas de atuação.
A LISTA COMPLETA
DUAS ESTRELAS
São Paulo
D.O.M. (Alex Atala)
UMA ESTRELA
Rio de Janeiro
Eleven Rio (Joachim Koerper)
Laguiole (Cláudio Roberto Monteiro) – nova entrada
Lasai (Rafael Costa e Silva)
Mee (Kazuo Harada)
Olympe (Claude Troisgros, Thomas Troisgros)
Oro (Felipe Bronze) – nova entrada
São Paulo
Dalva e Dito (Alex Atala e Elton Júnior)
Esquina Mocotó (Rodrigo Oliveira)
Fasano (Luca Gozzani)
Huto (Fábio Honda)
Jun Sakamoto (Jun Sakamoto)
Kan Suke (Egashira Keisuke)
Kinoshita (Tsuyoshi Murakami)
Kosushi (George Koshoji)
Maní (Helena Rizzo)
Picchi (Pier Paolo Picchi) – nova entrada
Tête à Tête (Gabriel Matteuzzi e Guilherme Vinha)
Tuju (Ivan Ralston)
BIB GOURMAND
Rio de Janeiro
Artigiano
Bottega del Vino – nova entrada
Entretapas
Gurumê
Lima Restobar
Miam Miam
Oui Oui
Pomodorino
Restô Rio
Riso Bistrô
São Paulo
Antonietta Empório
Arturito
Le Bife
Bistrot de Paris – nova entrada
Bona
Brasserie Victória
A Casa do Porco – nova entrada
Casa Santo Antônio
Ecully
Jiquitaia
Manioca
Mimo
Miya
Mocotó
Niaya – nova entrada
La Peruana Cevichería – nova entrada
Petí Gastronomia
Più – nova entrada
Tanit – nova entrada
Tartar & Co
TonTon – nova entrada
Tordesilhas
Zena Caffè