Dez entre dez estudos sobre a relação entre exercícios e saúde comprovam o peso crucial da atividade física regular, bem orientada, para prevenir ou conter doenças. Promovê-la de maneira ampla e indistinta é dever constitucional do Estado. Ainda assim, continua distante de grande parte dos brasileiros.
O compromisso deveria materializar-se numa política pública prioritária, alinhada à urgência de resgatar da fome quase 20 milhões. Vergonha particularmente inadmissível para um país entre os maiores exportadores de alimentos.
Atividade física é tão primordial à vida saudável quanto refeição balanceada. Juntas, alicerçam o bem-estar ao longo dos anos. Formam uma vacina natural contra obesidade, diabetes, hipertensão, distúrbios cardiovasculares, câncer, depressão.
Esses hábitos evitam incêndios. Tentar apagá-los é mais difícil e caro.
Se os brasileiros se exercitassem diariamente e comessem bem, os gastos com tratamentos e hospitalizações despencariam. Tal economia talvez contrarie uma parcela substantiva do mercado.
Democratizar rotinas esportivas e nutricionais adequadas não é um desafio propriamente oneroso. Envolve, contudo, visão estadista, confluência política, arranjos orçamentários, e uma coordenação estratégica entre os Ministérios da Saúde, do Esporte, da Educação, do Planejamento e da Ação Social.
A orquestração impulsionaria desde serviços subsidiados de educação corporal e alimentar em espaços públicos, principalmente nos grotões, periferias, zonas rurais, até o esporte adaptado em escolas, clubes, praças. Iniciativas comprometidas com o acesso geral e irrestrito a práticas indispensáveis à saúde física e mental.
Assegurá-las à população, sobretudo às camadas pobres e vulneráveis, não constitui um favor. Configura-se uma responsabilidade conjunta – de governos, empresas, sociedade civil – consagrada na Declaração Universal dos Direitos Humanos e nas Constituições dos países democráticos. Converge com os esforços voltados à cidadania plena.
A consumação desse direito depende também da vontade para superar o sofá, a cama, a exaustão doméstica e profissional. O primeiro passo é reconhecer o retorno alto ao investimento baixo.
Meia hora por dia de exercícios moderados já ajuda a precaver ou controlar doenças crônicas (comorbidades), atesta a Organização Mundial da Saúde. Os benefícios são proporcionais à intensidade, ao volume e à frequência da atividade física, desde que ajustada às individualidades e à margem de segurança.
A dose diária melhora a vitalidade, o raciocínio, o sono, o humor, a memória, a libido. Reduz o risco, por exemplo, de infarto, derrame cerebral (AVC) e transtornos emocionais.
A vocação esportiva do Rio representa um estímulo adicional para espanar o sedentarismo. O playground a céu aberto fica especialmente convidativo sob a suavidade do outono carioca.
Antes de aceitar o convite, e abraçar a caminhada, a corrida, a nadada, a pedalada, o pilates, faça uma avaliação médica e funcional; e procure orientação profissional. Tais cuidados harmonizam o programa físico ou esportivo às características e necessidades de cada pessoa.
Daí em diante, o segredo é não parar. Boa transpiração!
_________
Adrenalina sideral
Parar não integra o vocabulário de André e Salomão Abdala. Movidos a adrenalina, eles lançam a primeira campanha publicitária da América Latina feita em gravidade zero.
Rodado em voo da Nasa, o filme dos diretores brasileiros apresenta a vitamina Lavitan X, da Cimed. A produção subiu o sarrafo dos irmãos acostumados a triangular cinema, esportes de aventura e publicidade. Exigiu de adaptações nas câmeras, para conciliá-las ao feitio espacial, até façanhas de astronauta. Os bastidores compõem um minidoc disponível no canal dos Abdala Brothers no YouTube.
_________
Alexandre Carauta é professor da PUC-Rio, doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.