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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Teatro, por Claudia Chaves: “A cena (não ) muda”

Lutar quando é fácil ceder

Por lu.lacerda
Atualizado em 6 dez 2024, 12h44 - Publicado em 6 dez 2024, 10h00
H I A N E Foto de Junior Mandriola 1
Sirléa Aleixo, Analu Pimenta e Hiane  (Junior Mandriola/Divulgação)
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Houve um momento em que parecia termos alcançado o fundo do poço. Era 1974. Maria Bethânia fez um show antológico chamado “A cena muda”. A partir desse mote, com texto de Pedro Henrique Lopes, direção-geral de Diego Morais e direção musical de Guilherme Borges,  nasce o espetáculo “A cena muda”. Em vez de o Brasil ter cumprido o que está na canção “Sonho impossível” (o carro-chefe  do show),  a violência  contra a mulher só aumentou.

Foto de Junior Mandriola 1
Analu Pimenta, Hiane e Sirléa Aleixo (Junior Mandriola/Divulgação)

O texto é um jogo dramático em que cinco histórias sobre brutais assassinatos se misturam — histórias da violência policial (desde a ditadura), balas perdidas, espancamentos, que vão evoluindo até formar um painel, ainda que multifacetado, do que é a condição de fragilidade da mulher.

Foto de Junior Mandriola 13
Sirléa Aleixo e Analu Pimenta (Junior Mandriola/Divulgação)

As metáforas e metonímias fazem com que cada episódio funcione para mostrar que a mulher, preta, independentemente da classe social, é presa fácil. As vidas são de Luana Barbosa dos Reis Santos, Cláudia Silva Ferreira, Ágatha Félix, Kathlen Romeu e Ieda Delgado. A história de Ieda é o fio condutor de todas as outras. A procura verdadeira se funde com a imaginação de sua mãe, Eunice, vivida por Sirléa Aleixo (esplendorosa e múltipla atriz vinda do Jacarezinho, um furacão na cena teatral,  em atuação  única), para saber o que aconteceu com Ieda, a jovem que desaparece sem quaisquer  notícias, depois que é presa pela Ditadura, em 1965.

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e H I A N E (alto) Foto de Junior Mandriola
Sirléa Aleixo, Analu Pimenta e Hiane (Junior Mandriola/Divulgação)

As outras quatro histórias falam de hoje. Luana, mulher negra, periférica,  lésbica,  foi morta após ser abordada e espancada pelos policiais. Uma bala atingiu as costas da menina Ágatha Vitória Sales Félix (à época, com 8 anos), dentro de uma Kombi. Kathlen Romeu, 24 anos, designer de interiores, estava grávida de três meses quando foi atingida por um tiro de fuzil no peito, disparado por um PM. Cláudia Silva Ferreira morreu vítima de uma operação da Polícia Militar do Rio de Janeiro;  foi baleada e, em seguida, arrastada pela viatura policial por cerca de 350 metros.

A direção de Diego equaliza tudo o que se vê em cena. Há os níveis do palco, onde as três atrizes se movem, cantam em trio, separam-se, fazem solos. Em cena, Sirléa, Hiane e Analu Pimenta revezam-se nos papéis, mas fazem do conjunto da obra um espetáculo único. O que se vê é que um episódio de 1974, 50 anos depois, prenuncia o que se vive. Pedro e Diego constroem no palco, com coragem e talento,  um fato sobre o qual não se pode calar.

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Serviço:

até  18 de dezembro 

Teatro Domingos Oliveira/Planetário da Gávea (Av. Padre Leonel Franca, 240)

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(21) 4109-2299

Terças e quartas, às 20h

Ingressos no https://linktr.ee/acenanaomuda 

Claudia Chaves
(Arquivo/Arquivo pessoal)
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