Em 2015, eu peguei um avião e fui pra Bangok. De Bangok eu rodei a Tailândia até parar no Vietnã. No Vietnã segui para Hanói, onde existe o Templo de Literatura dedicado a Confúcio. Eu fui bem longe para aprender algo bem simples, que ele dizia: “Não seja um cavalheiro, seja um homem – é suficiente. Seja uma mulher, é suficiente. E seja verdadeiramente um homem, verdadeiramente uma mulher”. Bem, essa é uma releitura minha e do Osho sobre as palavras de Confúcio mas a essência está aí.
Quando você começa a meditar, você busca as camadas da realidade. E numa dessas camadas eu entendi que o amor é um relacionar-se. Não tem nada a ver com outra pessoa, por isso não é um relacionamento. É tudo sobre você. É um jeito de ser. A pandemia trouxe uma lente de aumento para os tais “relacionamentos”. Quantos improvisos, quantos remendos dentro da gente e naquilo que criamos? Embalada pela Letrux, lanço aqui um conselho que você não me pediu: esqueça-se dos relacionamentos e aprenda a se relacionar.
É na relação silenciosa com a sua mente que você descobre como viver com suas frustrações e euforias por 30 minutos. E depois por mais 30. E mais 30. Só quando você consegue conviver com quem você é, você entende que o amor não é algo que você faz, é o jeito que você existe. Daí, o sertão vira mar e você se enamora de verdade. Até lá, é tudo Maya, aquela ilusão que gostamos. Existe um guru indiano chamado SADHGURU (um cara bom e polêmico) e eu gosto muito do que ele diz sobre o amor no livro Engenharia Interior.
“Amor é a sua própria qualidade, você está usando a outra pessoa como uma chave para abrir o que já está dentro de você. Por que você está se atrapalhando com as chaves, quando não há trava, quando não há porta, quando não há parede? Você cria paredes e portas ilusórias e depois cria chaves ilusórias – e então se atrapalha com as chaves!”
Desde março de 2020, muitas pessoas se aproximaram, muitas outras traíram, outros tantos nasceram, além de todos que infelizmente se foram. E nesse mar de histórias reais, é claro para mim que o amor é o jeito que você é. Se você busca fugas pelas laterais ou se você dá um telefonema acolhedor pela perda de alguém, é tudo sobre a qualidade do amor que você é.
O amor é um continuum que te convida a fluidez: das verdades, dos propósitos, da confiança, dos sonhos, das coragens. Do um dia mais o outro. De uma encarnação mais outra. De um karma mais um dharma. Quando eu me olho no espelho, eu me certifico de que são os olhos de alguém que eu respeito. Eu sou amor. E desejo que você descubra que você também é (e faça alguma coisa com isso).
Por isso, acho que a gente pode parar de tentar encontrar meios-termos e deixar todo mundo ser mar. Eu tenho pensado em tudo que ja nadei, entre ressaca, quebra-mar e marolinhas. Inspirada na Letrux.