Em matéria recente na revista alemã especializada em vinhos, Meiningers International, a jornalista Felicity Carter levanta um tema que vêm preocupando a indústria do vinho: a febre de consumo de medicamentos para emagrecimento, como Ozempic, Ribelsus e Wegovy. Estes remédios, originalmente criados para combater a diabetes, causam uma perda dramática de peso, cortando totalmente o apetite, e também o desejo de consumir álcool. O consumo deste medicamento pelos que querem perder peso rápido e sem sentir fome explodiu no mundo em 2023. As consequências para a indústria de bebidas e alimentos é grande, principalmente no vinho e nos restaurantes. Como o medicamente custa caro, cerca de R$ 900 por mês, ele é mais consumido pelas classes A e B, justamente as que mais consomem vinhos e frequentam bons restaurantes. Uma pesquisa do Morgan Stanley’s AlphaWise alerta quem toma estes remédios consome 62% menos álcool e cerca de 20% destes não consume álcool nenhum.
No entanto existem outros fatores a serem considerados. Os efeitos colaterais são diversos: náuseas, diarreia, vômitos, refluxo, gastrite, queda de cabelo, pedra nos rins ou vesícula, entre outros. Somente um terço dos usuários segue com o medicamento depois de um ano. Por outro lado, espera-se que a indústria farmacêutica lance, em um futuro próximo, novas gerações destes medicamentos, com preço mais em conta e menos efeitos colaterais.
Outro fator a ser levado em conta é o consumo social. Se aquele amigo que te chamava para tomar um vinho, não está mais bebendo, você talvez reduza seu consumo também.
A controvérsia é grande. De um lado o custo alto do remédio, seus efeitos colaterais, que não são suportados por qualquer pessoa. E por outro a sedução de perda de peso rápida e sem sentir fome, mesmo que com sacrifício de saúde, prazer e convívio social. A indústria do vinho está preocupada, mas pelo visto esta novela ainda terá próximo capítulos.