Um dos chefs mais renomados e premiados da alta gastronomia, o francês Daniel Boulud debuta, neste ano, na Marquês de Sapucaí, onde assina o menu do Camarote Arara na Avenida por Veja Rio junto aos amigos Alex Atala e Claude Troisgros. Com uma agenda atribulada durante os cinco dias na cidade (ele volta para Nova York na próxima quinta, 27), que inclui uma visita ao Aconchego Carioca e um passeio de barco, Boulud conversou com VEJA RIO sobre a experiência de estar no Sambódromo e a perda de uma estrela no Guia Michelin.
“Estar aqui é uma experiência fantástica, algo que não fazia ideia. No vilarejo em que cresci, na França, tem Carnaval, mas a festa é de dia, não à noite (risos). É impressionante o alto nível da produção, a diversidade. Você esbarra com gente de todo tipo, de todas as idades e está todo mundo feliz e se divertindo”, observa Boulud, detentor de duas estrelas no Guia Michelin com seu restaurante Daniel (ele perdeu uma em 2015), em Nova York, uma de suas dezessete casas em lugares como Boston, Washington DC, Palm Beach, Miami, Toronto, Montreal, Londres e Singapura.
Para Boulud, de 64 anos, o tradicional Guia Michelin é importante, claro, mas a opinião do público é o que o norteia. “Alguns clientes gostam de seguir o Michelin. Toda crítica é válida. Às vezes dá pra fazer exatamente o que os críticos querem, mas eu também gosto de fazer o que os clientes querem. Isso para mim, aliás, é fundamental. Por vezes, isso pode significar perder uma estrela na premiação, o que para alguns restaurantes pode significar a falência. Nem sempre é justo. Ao mesmo tempo, quando você consegue ganhar uma estrela, aí, sim, é justo”, diz, aos risos, antes de comparar: “Meu restaurante, o Daniel, em Nova York, tem duas estrelas, mas é o número 1 do TripAdvisor. E o TripAdvisor é fruto de uma avaliação do público. O Michelin não leva a opinião do público em consideração. Então, de certa maneira, isso me orgulha muito mais”.
Segundo o restaurateur e chef, as redes sociais são poderosas, mas não essenciais para o sucesso de uma empreitada. “O poder das mídias sociais está nas mãos de quem sabe usá-las. Eu, por exemplo, não sou da geração que tem muita intimidade com esse tipo de comunicação, mas uso. Não apareço muito na TV, nos programas de grande projeção, não tenho tanto tino comercial. Mas meus restaurantes falam por si, minha carreira fala por si”, afirma.